As diferenças estilísticas de Humberto de Campos original e o suposto "espírito" do escritor



Por mais que se tenha boa vontade para ver, nas supostas psicografias que levam o nome de Humberto de Campos, alguma identificação com o estilo que o autor maranhense deixou em vida, as semelhanças atribuídas são muito raras.

Observando bem a obra original de Humberto de Campos, confrontada com a obra "mediúnica" que leva seu nome ou de "Irmão X" - pseudônimo arranjado por Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) para uso externo, desencorajando novos processos judiciais - , as semelhanças são tão raras que os indícios de plágio são muito raros.

Há, segundo o blog Obras Psicografadas, pelo menos dois plágios de textos originais de Humberto trazidos por Chico Xavier. São dois textos, ambos extraídos de O Brasil Anedótico, de 1927, um plagiado em Crônicas de Além-Túmulo (1937) e outro, em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (1938).

Havia "maior semelhança" nas primeiras obras atribuídas ao "espírito" do escritor, como Crônicas de Além-Túmulo e o anterior Palavras do Infinito, de 1936, nas quais a habilidade de leitor-plagiador de Chico Xavier, mais a redação e revisão adicionais de Antônio Wantuil de Freitas (presidente da FEB) e a colaboração de editores da federação e de consultores literários a seu serviço, provavelmente sem vínculos institucionais, garantiram a verossimilhança, que "relaxou" em obras posteriores.

Mas não nos iludamos com as supostas semelhanças dos primeiros livros "mediúnicos", pois elas soam bastante paródicas e a linguagem erudita, à primeira vista, poderia existir em qualquer obra literária. As "referências pessoais" de Humberto na obra "mediúnica" soam "corretas" numa leitura apressada, mas é só analisar mais uma vez o livro, em leituras posteriores, para verificar que existem muitas estranhezas ocultas nas entrelinhas.

O esquema abaixo demonstra que os estilos de Humberto de Campos original e o suposto espírito são muito diferentes. Vejamos:

- Na obra original, a narrativa é ágil, descontraída, a temática é laica, a linguagem culta mas acessível e os textos muito bem escritos.

- Na obra "mediúnica", a narrativa é pachorrenta, melancólica, a temática é religiosa ou de um moralismo retrógrado e a linguagem é pesada, forçadamente culta mas de leitura bastante cansativa de textos sem fluência.

Um esquema foi montado na Internet, de maneira didática, para sintetizar as diferenças que podem ser notadas entre os dois repertórios, e a leitura atenta confirmará todos esses aspectos: