A Síndrome da Projeção das acusações dos adeptos de Chico Xavier
"CARIDADE" DE CHICO XAVIER NÃO TEM PROVAS - ESTA FOTO MOSTRA APENAS SEU MERO RESPALDO AO ASSISTENCIALISMO, EM CLARO APELO PATERNALISTA.
Os "espíritas" brasileiros que cultuam Francisco Cândido Xavier sofrem da Síndrome da Projeção, um fenômeno psicológico no qual as pessoas atribuem seus próprios defeitos a outrem, como maneira, em muitas vezes, de desqualificar quem traz questionamentos e advertências.
O "espiritismo" brasileiro realizou uma grave ruptura com os ensinamentos kardecianos. Renegou as recomendações de que se deve exercer o rigor da Razão e rejeitar tudo aquilo que não estiver de acordo com a Lógica e o Bom Senso.
Contrariando os ensinamentos espíritas originais, a obra de Chico Xavier é um verdadeiro convite ao obscurantismo. Essa obra amaldiçoa o tempo todo o senso crítico, considerado "amaldiçoado", e sempre há apelos para ninguém questionar, embora, de maneira hipócrita, se diga, vagamente, valorizar o "conhecimento na sua mais ampla concepção", uma desculpa tão ridícula quanto a ditadura militar ter falado em "defesa da democracia".
Uma mensagem que parece bonita aos olhos do incauto é uma demonstração do caráter obscurantista das ideias de Chico Xavier:
"A sabedoria superior tolera, a inferior julga; a superior perdoa, a inferior condena. Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!".
Num país em que a ignorância é considerada uma "virtude", pelo emaranhado de falácias cheias de contradições que envolvem, no entanto, apelos sentimentalistas, moralistas e místico-religiosos, essa mensagem parece ser "de profunda lição de vida", quando na verdade se trata de uma mensagem traiçoeira travestida em belas palavras.
Essa mensagem, na verdade, contraria a de Allan Kardec, que em várias passagens de seus livros lançava argumentos que podem ser resumidos assim:
"Nada pode ser considerado se não passar pelo rigoroso procedimento da Lógica. O que não estiver de acordo com a Lógica, por mais que sua ideia pareça bastante agradável, ela deve ser rejeitada, pelo seu caráter absurdo que a realidade rejeita".
A contradição de Chico Xavier mostra, na verdade, o seu temor em ser questionado e seu mito se desfazer como um castelo de areia encharcado pelo mar. E embora muita gente, mesmo os progressistas e racionalistas mais ingênuos, achem "bonita" a mensagem de Chico Xavier, esquecem todos que ela vai contra a natureza do verdadeiro sábio.
A sabedoria superior não tolera absurdos e pode mesmo rejeitar ideias consagradas e agradáveis, se elas apresentarem incoerência e absurdo. A sabedoria superior pode condenar, sim, uma ideia absurda à sua rejeição de sentido. E quantos sábios de verdade buscam questionar, sem temer incomodar totens, sem temer desqualificar ideias consagradas? A "beleza" da mensagem de Chico Xavier é falsa e o que ele disse não tem um pingo de coerência nem da verdadeira sabedoria a que diz atribuir.
CONTRA CHICO XAVIER, OS SEGUIDORES PEDEM O RIGOR ABSOLUTO; A FAVOR DELE, VALE QUALQUER ESPECULAÇÃO
A Síndrome da Projeção se manifesta, nos seguidores e simpatizantes de Chico Xavier - alguns se gabando de serem "não-sectários" e até "não-espíritas" - , quando eles pedem, aos contestadores, o mais absoluto rigor no questionamento, tanto rigor que, na verdade, acabam pedindo o questionamento da Razão e não das falhas da obra xavieriana quanto aos aspectos lógicos e racionais.
Dos "isentões espíritas" que, aos montes, vivem do impulso de escrever mensagens "imparciais", com o desespero de exercerem o "monopólio do bom senso" - mal que Kardec já havia alertado em sua obra - , sabe-se que eles sempre pedem que "haja fundamentação" nos argumentos contra Chico Xavier, que esses pretensos "racionais" julgam ser "opinativa demais".
Eles pedem "bases teóricas", corroborando com que acadêmicos como Alexander Caroli Rocha, que, com base na falácia de que "a fórmula 2+2=4 é extremamente duvidosa, exigindo, para tal resultado, uma equação que fosse mais complexa", pediu "critérios mais complexos" para analisar a "psicografia" creditada a Humberto de Campos / Irmão X. É como se Caroli Rocha renegasse o óbvio, como se ideias óbvias fossem, por si mesmas, desprovidas de confiabilidade.
Mas quando o assunto é a suposta caridade de Chico Xavier, os seguidores, dos mais diversos níveis, dos beatos explícitos aos "isentões", mesmo os "não-espíritas", se contentam com especulações. Sobre essa "caridade", não há provas confiáveis, não há dados precisos, solta-se ao vento palavras soltas como "Chico Xavier ajudou milhares de pessoas", jogadas até em teses acadêmicas, sem qualquer fundamentação, e muita gente aceita com a comodidade de gado bovino.
Outro aspecto é quanto à questão da "inquisição" e "censura". Vamos ao caso da "censura". Há o livro Rumo Certo, que Chico Xavier credita a Emmanuel, que tem um texto chamado "Não Censures", de conteúdo igrejeiro e mensagens falsamente agradáveis:
NÃO CENSURES
Por Francisco Cândido Xavier - Rumo Certo - atribuído ao espírito Emmanuel. FEB Editora, 1971
Não censures.
Onde o mal apareça, retifiquemos amando, empreendendo semelhante trabalho a partir de nós mesmos. O cirurgião ampara o corpo enfermo, empregando atenção e carinho, com bisturis adequados. O artista afeiçoa a pedra ao próprio sonho, aformoseando-lhe a estrutura com paciência e vagar.
Ninguém desfaz a treva sem luz.
E reconhecendo-se que a luz nasce da força que se desgasta, em louvor da cooperação e do benefício, o amor procede do coração que se entrega ao trabalho para compreender e auxiliar.
Quando estiveres a ponto de desanimar ante os empeços do mundo, de espírito inclinado à acusação e à amargura, lembra-te de Deus cuja presença fulge nas faixas mais simples da Natureza.
A Divina Sabedoria apóia a semente para que germine, propiciando-lhe recursos imprescindíveis à existência;nutre-lhe os rebentos, doando-lhes condições precisas para que se desenvolvam,e, convertida a planta em árvore benfeitora, assegura-lhe a seiva e aguarda-lhe ocasião justa para a colheita dos frutos que enriquecerá o celeiro.
Em toda a parte da Terra, surpreendemos a esperança de Deus, em função ativa, seja na pedra que se erguerá em utilidade, no carvão que se fará diamante, no espinheiral que se metamorfoseará em ninho de flores, na gleba inculta que se transfigurará em jardim.
Deus opera com tempo igual para todos.
E a própria Sabedoria Divina nos auxilia a todos indistintamente, agindo, criando, renovando e sublimando com apoio nas horas; sempre que nos vejamos defrontados por dificuldades e incompreensões, saibamos servir com paciência e aprenderemos que, à frente dos problemas da vida, sejam eles quais forem, não existem razões para que venhamos a esmorecer ou desesperar.
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O texto nem de longe condena a censura, como se observa na ditadura militar. É o recurso da Projeção, quando, na verdade, o que se condena é a queixa, é a reclamação, é o questionamento. É mais um texto contra os opositores da ditadura militar, e a expressão "não censures" se encerra por si mesma, sem conexão com os demais parágrafos.
Essa mensagem, aliás, poderia ser usada até se Chico Xavier tivesse sido convidado pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra para o ritual da extrema-unção dos presos políticos. Com toda certeza, o texto "Não Censures" tem um título bastante tendencioso, hipócrita e revela a Síndrome da Projeção, porque, na verdade, joga a culpa da "censura" justamente àqueles que condenam o obscurantismo moralista que é compartilhado pelo próprio Chico Xavier.
A "inquisição" também é usada, em muitas palestras e textos, para desqualificar os contestadores do "espiritismo" brasileiro. A "projeção" se manifesta quando se acusam de inquisidores os que questionam o igrejismo e cobram sentido lógico nas pregações de Chico Xavier.
Neste caso, o próprio rigor da Razão, uma das ferramentas mais defendidas por Allan Kardec, é acusada, levianamente, de ser "inquisidora". É verdade, que, gramaticalmente, essa acusação é inócua, pelo fato de que "inquisição" é o ato de "inquirir", ou seja, de perguntar, questionar, investigar e averiguar.
No entanto, o contexto com que se insere a Inquisição da Igreja Católica, na Idade Média, mostra que esse ato de "inquirir" está a serviço de uma doutrina obscurantista, e comparar o rigor da Razão kardeciano com a Inquisição medieval é algo leviano.
É claro que os adeptos de Chico Xavier jogam debaixo do tapete os conflitos que o pensamento do "médium" brasileiro exerce com o do pedagogo lionês, e as divergências não são poucas. Dissimulados, os chiquistas, sectários ou não, "espíritas" ou não, tentam relativizar esse conflito através de uma interpretação enviesada das ideias kardecianas, de acordo com interesses de conveniência.
Diante de um Kardec domesticado e levianamente interpretado, ocultando ou distorcendo seus conceitos, é claro que a ferramenta da Razão rigorosa, que em verdade era a essência do pensamento espírita original, é descartada pelos "espíritas" brasileiros, com o falso desvínculo com o pedagogo francês.
Diferente de Kardec, o pensamento igrejeiro de Chico Xavier apela para a supremacia da Fé e a criminalização da Razão, que só é aceita nos seus limites instrumentais, como atividades laicas e sem oferecer risco aos dogmas igrejeiros defendidos pelo "espiritismo" brasileiro, que na verdade é uma forma repaginada do Catolicismo medieval.
Quando os chiquistas falam, portanto, em "inquisição", eles querem forjar vitimismo em Chico Xavier, desqualificando os questionamentos severos, principalmente quando aspectos da obra xavieriana apresentam violações sérias em relação à Razão e à Lógica, e essas violações são muitas.
Só que esse recurso é uma tática hipócrita e oportunista, e os "isentões espíritas" usam para estabelecer um falso equilíbrio entre a Fé e a Razão, o que prova que esses supostos defensores da imparcialidade e da visão objetiva da realidade são, na verdade, patrulheiros a serviço da idolatria a Chico Xavier, e, com isso, são capazes de manipular o discurso - à maneira dos adeptos de Jair Bolsonaro, por exemplo - , para atribuir aos outros os defeitos que os "isentões" é que realmente possuem.
A palavra pode ser traiçoeira, e quantos venenos os fãs de Chico Xavier têm nas palavras que utilizam para impor a sua "verdade", em prol do obscurantismo travestido de "sabedoria".
Os "espíritas" brasileiros que cultuam Francisco Cândido Xavier sofrem da Síndrome da Projeção, um fenômeno psicológico no qual as pessoas atribuem seus próprios defeitos a outrem, como maneira, em muitas vezes, de desqualificar quem traz questionamentos e advertências.
O "espiritismo" brasileiro realizou uma grave ruptura com os ensinamentos kardecianos. Renegou as recomendações de que se deve exercer o rigor da Razão e rejeitar tudo aquilo que não estiver de acordo com a Lógica e o Bom Senso.
Contrariando os ensinamentos espíritas originais, a obra de Chico Xavier é um verdadeiro convite ao obscurantismo. Essa obra amaldiçoa o tempo todo o senso crítico, considerado "amaldiçoado", e sempre há apelos para ninguém questionar, embora, de maneira hipócrita, se diga, vagamente, valorizar o "conhecimento na sua mais ampla concepção", uma desculpa tão ridícula quanto a ditadura militar ter falado em "defesa da democracia".
Uma mensagem que parece bonita aos olhos do incauto é uma demonstração do caráter obscurantista das ideias de Chico Xavier:
"A sabedoria superior tolera, a inferior julga; a superior perdoa, a inferior condena. Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!".
Num país em que a ignorância é considerada uma "virtude", pelo emaranhado de falácias cheias de contradições que envolvem, no entanto, apelos sentimentalistas, moralistas e místico-religiosos, essa mensagem parece ser "de profunda lição de vida", quando na verdade se trata de uma mensagem traiçoeira travestida em belas palavras.
Essa mensagem, na verdade, contraria a de Allan Kardec, que em várias passagens de seus livros lançava argumentos que podem ser resumidos assim:
"Nada pode ser considerado se não passar pelo rigoroso procedimento da Lógica. O que não estiver de acordo com a Lógica, por mais que sua ideia pareça bastante agradável, ela deve ser rejeitada, pelo seu caráter absurdo que a realidade rejeita".
A contradição de Chico Xavier mostra, na verdade, o seu temor em ser questionado e seu mito se desfazer como um castelo de areia encharcado pelo mar. E embora muita gente, mesmo os progressistas e racionalistas mais ingênuos, achem "bonita" a mensagem de Chico Xavier, esquecem todos que ela vai contra a natureza do verdadeiro sábio.
A sabedoria superior não tolera absurdos e pode mesmo rejeitar ideias consagradas e agradáveis, se elas apresentarem incoerência e absurdo. A sabedoria superior pode condenar, sim, uma ideia absurda à sua rejeição de sentido. E quantos sábios de verdade buscam questionar, sem temer incomodar totens, sem temer desqualificar ideias consagradas? A "beleza" da mensagem de Chico Xavier é falsa e o que ele disse não tem um pingo de coerência nem da verdadeira sabedoria a que diz atribuir.
CONTRA CHICO XAVIER, OS SEGUIDORES PEDEM O RIGOR ABSOLUTO; A FAVOR DELE, VALE QUALQUER ESPECULAÇÃO
A Síndrome da Projeção se manifesta, nos seguidores e simpatizantes de Chico Xavier - alguns se gabando de serem "não-sectários" e até "não-espíritas" - , quando eles pedem, aos contestadores, o mais absoluto rigor no questionamento, tanto rigor que, na verdade, acabam pedindo o questionamento da Razão e não das falhas da obra xavieriana quanto aos aspectos lógicos e racionais.
Dos "isentões espíritas" que, aos montes, vivem do impulso de escrever mensagens "imparciais", com o desespero de exercerem o "monopólio do bom senso" - mal que Kardec já havia alertado em sua obra - , sabe-se que eles sempre pedem que "haja fundamentação" nos argumentos contra Chico Xavier, que esses pretensos "racionais" julgam ser "opinativa demais".
Eles pedem "bases teóricas", corroborando com que acadêmicos como Alexander Caroli Rocha, que, com base na falácia de que "a fórmula 2+2=4 é extremamente duvidosa, exigindo, para tal resultado, uma equação que fosse mais complexa", pediu "critérios mais complexos" para analisar a "psicografia" creditada a Humberto de Campos / Irmão X. É como se Caroli Rocha renegasse o óbvio, como se ideias óbvias fossem, por si mesmas, desprovidas de confiabilidade.
Mas quando o assunto é a suposta caridade de Chico Xavier, os seguidores, dos mais diversos níveis, dos beatos explícitos aos "isentões", mesmo os "não-espíritas", se contentam com especulações. Sobre essa "caridade", não há provas confiáveis, não há dados precisos, solta-se ao vento palavras soltas como "Chico Xavier ajudou milhares de pessoas", jogadas até em teses acadêmicas, sem qualquer fundamentação, e muita gente aceita com a comodidade de gado bovino.
Outro aspecto é quanto à questão da "inquisição" e "censura". Vamos ao caso da "censura". Há o livro Rumo Certo, que Chico Xavier credita a Emmanuel, que tem um texto chamado "Não Censures", de conteúdo igrejeiro e mensagens falsamente agradáveis:
NÃO CENSURES
Por Francisco Cândido Xavier - Rumo Certo - atribuído ao espírito Emmanuel. FEB Editora, 1971
Não censures.
Onde o mal apareça, retifiquemos amando, empreendendo semelhante trabalho a partir de nós mesmos. O cirurgião ampara o corpo enfermo, empregando atenção e carinho, com bisturis adequados. O artista afeiçoa a pedra ao próprio sonho, aformoseando-lhe a estrutura com paciência e vagar.
Ninguém desfaz a treva sem luz.
E reconhecendo-se que a luz nasce da força que se desgasta, em louvor da cooperação e do benefício, o amor procede do coração que se entrega ao trabalho para compreender e auxiliar.
Quando estiveres a ponto de desanimar ante os empeços do mundo, de espírito inclinado à acusação e à amargura, lembra-te de Deus cuja presença fulge nas faixas mais simples da Natureza.
A Divina Sabedoria apóia a semente para que germine, propiciando-lhe recursos imprescindíveis à existência;nutre-lhe os rebentos, doando-lhes condições precisas para que se desenvolvam,e, convertida a planta em árvore benfeitora, assegura-lhe a seiva e aguarda-lhe ocasião justa para a colheita dos frutos que enriquecerá o celeiro.
Em toda a parte da Terra, surpreendemos a esperança de Deus, em função ativa, seja na pedra que se erguerá em utilidade, no carvão que se fará diamante, no espinheiral que se metamorfoseará em ninho de flores, na gleba inculta que se transfigurará em jardim.
Deus opera com tempo igual para todos.
E a própria Sabedoria Divina nos auxilia a todos indistintamente, agindo, criando, renovando e sublimando com apoio nas horas; sempre que nos vejamos defrontados por dificuldades e incompreensões, saibamos servir com paciência e aprenderemos que, à frente dos problemas da vida, sejam eles quais forem, não existem razões para que venhamos a esmorecer ou desesperar.
==========
O texto nem de longe condena a censura, como se observa na ditadura militar. É o recurso da Projeção, quando, na verdade, o que se condena é a queixa, é a reclamação, é o questionamento. É mais um texto contra os opositores da ditadura militar, e a expressão "não censures" se encerra por si mesma, sem conexão com os demais parágrafos.
Essa mensagem, aliás, poderia ser usada até se Chico Xavier tivesse sido convidado pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra para o ritual da extrema-unção dos presos políticos. Com toda certeza, o texto "Não Censures" tem um título bastante tendencioso, hipócrita e revela a Síndrome da Projeção, porque, na verdade, joga a culpa da "censura" justamente àqueles que condenam o obscurantismo moralista que é compartilhado pelo próprio Chico Xavier.
A "inquisição" também é usada, em muitas palestras e textos, para desqualificar os contestadores do "espiritismo" brasileiro. A "projeção" se manifesta quando se acusam de inquisidores os que questionam o igrejismo e cobram sentido lógico nas pregações de Chico Xavier.
Neste caso, o próprio rigor da Razão, uma das ferramentas mais defendidas por Allan Kardec, é acusada, levianamente, de ser "inquisidora". É verdade, que, gramaticalmente, essa acusação é inócua, pelo fato de que "inquisição" é o ato de "inquirir", ou seja, de perguntar, questionar, investigar e averiguar.
No entanto, o contexto com que se insere a Inquisição da Igreja Católica, na Idade Média, mostra que esse ato de "inquirir" está a serviço de uma doutrina obscurantista, e comparar o rigor da Razão kardeciano com a Inquisição medieval é algo leviano.
É claro que os adeptos de Chico Xavier jogam debaixo do tapete os conflitos que o pensamento do "médium" brasileiro exerce com o do pedagogo lionês, e as divergências não são poucas. Dissimulados, os chiquistas, sectários ou não, "espíritas" ou não, tentam relativizar esse conflito através de uma interpretação enviesada das ideias kardecianas, de acordo com interesses de conveniência.
Diante de um Kardec domesticado e levianamente interpretado, ocultando ou distorcendo seus conceitos, é claro que a ferramenta da Razão rigorosa, que em verdade era a essência do pensamento espírita original, é descartada pelos "espíritas" brasileiros, com o falso desvínculo com o pedagogo francês.
Diferente de Kardec, o pensamento igrejeiro de Chico Xavier apela para a supremacia da Fé e a criminalização da Razão, que só é aceita nos seus limites instrumentais, como atividades laicas e sem oferecer risco aos dogmas igrejeiros defendidos pelo "espiritismo" brasileiro, que na verdade é uma forma repaginada do Catolicismo medieval.
Quando os chiquistas falam, portanto, em "inquisição", eles querem forjar vitimismo em Chico Xavier, desqualificando os questionamentos severos, principalmente quando aspectos da obra xavieriana apresentam violações sérias em relação à Razão e à Lógica, e essas violações são muitas.
Só que esse recurso é uma tática hipócrita e oportunista, e os "isentões espíritas" usam para estabelecer um falso equilíbrio entre a Fé e a Razão, o que prova que esses supostos defensores da imparcialidade e da visão objetiva da realidade são, na verdade, patrulheiros a serviço da idolatria a Chico Xavier, e, com isso, são capazes de manipular o discurso - à maneira dos adeptos de Jair Bolsonaro, por exemplo - , para atribuir aos outros os defeitos que os "isentões" é que realmente possuem.
A palavra pode ser traiçoeira, e quantos venenos os fãs de Chico Xavier têm nas palavras que utilizam para impor a sua "verdade", em prol do obscurantismo travestido de "sabedoria".