Roteiro simplificado sobre a suposta "psicografia" de Chico Xavier


Para entendermos o caráter extremamente duvidoso da "psicografia" de Francisco Cândido Xavier, montamos um roteiro para esclarecer como essas práticas ocorriam, para que as pessoas possam ver a gravidade da situação.

A ideia que devemos considerar é que Chico Xavier não fazia "psicografias" sozinho. Ele fazia essa tarefa sob uma ajuda de redatores, revisores e consultores literários. Depoimentos e fontes confirmam que Manuel Quintão e Luís da Costa Porto Carreiro Neto, que colaboraram com Chico Xavier, tinham profundo conhecimento em Literatura brasileira e portuguesa.

Chico Xavier é responsável ou co-responsável, direto ou indireto, por seus piores atos. Ele não pode ser inocentado mesmo em erros que não partiram de sua decisão, porque houve um consentimento e um apoio a esses maus procedimentos. Se ele não decidiu por algum mau ato, ele deu o seu apoio.

Se Chico Xavier, por exemplo, apoiou a ditadura militar e recebeu homenagem da Escola Superior de Guerra, em 1972 (fato que o biógrafo Marcel Souto Maior não pôde esconder), é porque a participação do "médium" na defesa da ditadura militar não pode ser relativizada nem minimizada. Afinal, a ESG não iria premiar alguém sem motivo nem o faria por contragosto: se premiou Xavier, é porque o "médium" foi um dos maiores e mais convictos colaboradores da ditadura militar no Brasil.

Devemos abandonar as paixões religiosas, que deixam as consciências desnorteadas e criam nas pessoas uma emotividade tóxica a qual parece ser "profundamente positiva, elevada e agradável" quando tudo está de acordo, mas quando não está, ela se converte em explosões de ódio, de desejo de vingança e até de fúria desmensurada, o que está comprovado em várias situações.

Um exemplo é Amauri Xavier, o sobrinho de Chico Xavier que denunciou suas fraudes. Ele recebeu ameaça de morte por chiquistas, numa citação descrita por matéria de Manchete, em agosto de 1958. E isso pode ter sido o motivo da estranha morte do rapaz que, depois de ter sido difamado pelo "meio espírita", teria morrido envenenado, sofrendo o mal conhecido como "hepatite tóxica".

Dito isso, vamos mostrar como se dava a "psicografia" literária de Chico Xavier e como eram produzidas as "cartas mediúnicas" que se tornaram frequentes durante a ditadura militar. Vamos então a eles:

"PSICOGRAFIAS" LITERÁRIAS

1) Chico Xavier lia os livros referentes a um suposto ou a supostos autores literários;

2) Consultores literários, ligados direta ou indiretamente à "Federação Espírita Brasileira" lhe davam dicas sobre os respectivos estilos de cada escritor, geralmente brasileiro ou português;

3) Chico Xavier escrevia as obras correspondentes, que depois recebiam uma redação mais apurada, seja do presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, seja de Manuel Quintão e Porto Carreiro Neto, entre outros;

4) A colaboração de Chico Xavier enfatizava as mensagens religiosas e a produção fácil de sonetos, coisa que ele fazia quando lançou seus poemas, creditados a ele mesmo ("F. Xavier"), no Jornal das Moças;

5) Os plágios eram feitos com leves alterações textuais, com a mesma ideia sendo reescrita trocando palavras e mudando frases.

"CARTAS MEDIÚNICAS"

1) Assistentes de Chico Xavier lhe informavam sobre a tragédia de um indivíduo de ocasião;

2) Esses assistentes eram orientados a entrevistar parentes e amigos, mesmo os "distantes" (ou seja, sem relação íntima com os pais ou cônjuge e filhos do falecido), de maneira habilidosa, a ponto de obter informações subliminares até mesmo pela forma com que os depoentes reagem a certas ideias e fatos. É a chamada "leitura fria";

3) Chico Xavier recebia informações de órgãos de imprensa, e também lhe eram enviados fontes escritas diversas, incluindo até mesmo diários pessoais deixados pelo falecido;

4) Eram produzidas, então, mensagens "mediúnicas", através desse repertório selecionado, que causava estranheza pela saudação quase uniforme ("Querida Mamãe") e pelo mershandising religioso no final de cada mensagem, pedindo a "união na paz em Cristo";

5) As mensagens eram divulgadas, muitas vezes, "ao vivo", em sessões "espíritas". Chico Xavier fazia que "fechava os olhos", mas havia um truque no qual ele mantinha um dos olhos abertos (ele era cego do outro olho) e forjava a "psicografia", tapando o rosto com a mão para dar a impressão de que ele "escrevia com os olhos vendados".

CONCLUSÃO

Essas duas tarefas só foram aceitas pela sociedade brasileira por um sem-número de conveniências e jogos de interesses, aliado à desinformação generalizada dos brasileiros. Mas essas práticas, mediante uma análise mais cuidadosa, apontam para aspectos fraudulentos e até práticas de ilusionismo (prestidigitação), o que se confirma com problemas sérios quanto aos aspectos pessoais dos supostos autores espirituais.

Um ponto que os brasileiros ignoram é a questão da Falsidade. O problema do "falso" não é deixar de parecer com o "verdadeiro". Pelo contrário, o "falso" se esforça em parecer "legítimo", porque do contrário não haveria falsidade. Os produtos piratas são um exemplo, quando eles tentam se assemelhar com os produtos originais.

Daí que a "psicografia" de Chico Xavier não pode ser legitimada por "lembrar as obras originais". Afinal, não são as semelhanças que legitimam uma virtual fraude como "algo verdadeiro". São os aspectos diferentes e comprometedores que, isso sim, contrariam qualquer chance de veracidade, invalidando a obra "mediúnica". E há muitas provas de que a obra de Chico Xavier é fraudulenta, para a infelicidade de seus desesperados seguidores.