Adoração a Chico Xavier ressurge com certo constrangimento
EPISÓDIOS COMO O APOIO DE CHICO XAVIER À DITADURA MILITAR NÃO CONSEGUEM SER REBATIDOS COM SEGURANÇA POR SEUS SEGUIDORES.
A "volta" de Francisco Cândido Xavier, na semana passada, através dos trend topics do Twitter, acionada sempre quando há um acúmulo de notícias ruins, mostrou que a idolatria ao "médium" já ocorre mostrando caraterísticas de coisa patética e constrangedora, sem o verniz de "superioridade" das demonstrações mais antigas, sobretudo durante a ditadura militar que ele apoiou convictamente.
O modus operandi chega mesmo a ser comparável com Jair Bolsonaro, que em quase tudo parece com Chico Xavier, excetuando a "fachada" que coloca os dois numa oposição artificialmente forjada, um simbolizando o "ódio", outro o "amor".
Mas, para um ríspido Chico Xavier que agride os amigos de Jair Presente (olha o trocadilho do prenome), cuja desconfiança foi definida pelo "médium" como "bobagem da grossa", e o "capitão" indo para as ruas cumprimentando, simpático e bonachão, os cidadãos de Brasília, ficamos perguntando se até mesmo esse contraste faz sentido.
Esse "retorno" veio sob o apelo risível da "profecia da data-limite" que, entre outros equívocos, está o maior deles, que é o fato de que essa prática é, comprovadamente, rejeitada, reprovada e desaconselhada explicitamente pela Codificação, que define atos de "prever o futuro estabelecendo datas fixas" como mistificação e ação de espíritos levianos.
O pior é que Chico Xavier brincou mesmo de ser profeta, embora parte de seus seguidores tente alegar que a "data-limite" foi uma invenção de Geraldo Lemos Neto. Mas o próprio "médium" já deixou vestígios, em vários de seus livros e na sua aparição no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971, que seu suposto profetismo vinha mesmo dele.
"ROBÔS ESPÍRITAS"
A inclusão da palavra "Chico Xavier" (com palavras separadas e sem o sustenido das hashtags) nos trend topics do Twitter pode ter sido uma ação de "robôs", porque alguns internautas nos informaram que a presença de internautas falando do "médium" no Twitter não era assim tão ativa. Um pequeno número de internautas estava ativo, enquanto outros, apenas no "piloto automático", citavam o nome do "médium" de uma forma repetida.
Essa forma repetida se manifestava com pessoas escrevendo a mesma coisa: que ""entraram" no Twitter e viram as seguintes palavras: "coronavírus", "explosão do vulcão Krakatoa", "fim do mundo", "data-limite" e "Chico Xavier", e "ficaram preocupados". É a mesma tática que fez também ser publicado um texto em que um suposto "Antônio Carlos", que seria "primo" de todo internauta, estaria "curado" do coronavírus devido à cloroquina.
Os "robôs espíritas" que despejaram essa mesma mensagem não são diferentes do que os bolsomínions - defensores radicais de Jair Bolsonaro, famosos por sua agressividade e estupidez - fazem nas redes sociais, formando um "gado digital" que faz tudo em bloco, ou seja, um punhado de internautas e seus perfis fake realizam uma atividade conjunta, havendo neles casos de um único internauta com diferentes perfis, forjando uma "falsa multidão".
Isso apenas tornou-se uma isca na qual aderiram apenas os poucos que defendiam Chico Xavier e apelavam para os clichês surrados de sua idolatria: patéticos "poemas de amor", declarações sem fundamento de que ele "fez muita caridade" e "só viveu pelo próximo", e pedidos para que o "médium" seja "respeitado" e que parassem os "ataques" contra ele.
Essa meia-dúzia é que ficou ativa no Twitter, enquanto os "robôs" disparavam a mesma ladainha ("entrei no Twitter e vi tais palavras e fiquei preocupado", em resumo) e o nome "Chico Xavier" virou fogo de palha, só durando algumas horas, o que mostra o baixo valor do "médium" que só foi considerado "iluminado" a partir de manobras de propaganda enganosa da ditadura militar.
PIEGAS DE "ESQUERDA"
O tuitaço de Chico Xavier foi entre a manhã e a tarde do dia 11 de abril de 2020. Foi um fogo de palha, insuficiente para reabilitar plenamente o "médium", desmascarado por revelações publicadas não só nesta página, como em outras na Internet. A explosão do vulcão Krakatoa, na Indonésia, impulsionou a farsa do "retorno momentâneo" de Chico Xavier às redes sociais.
Mas, dois dias depois, o iludido "intelectual espírita", Franklin Félix, veio com um artigo na Carta Capital que veio com um erro de interpretação, classificando Chico Xavier como "símbolo de otimismo e esperança".
O texto, relacionado à tragédia do Coronavírus, diz que Chico Xavier, em relação a todo sofrimento, costumava dizer: "Isso passa". Em outras ocasiões, conforme vimos em outras fontes, o "médium" também dizia "Tudo passa". Só que Franklin se esqueceu do contexto da frase.
Durante todo o decorrer da carreira, Chico Xavier defendia, com base na Teologia do Sofrimento, que todo sofredor deveria aceitar e suportar as desgraças em silêncio, sem queixumes. Era uma espécie de "AI-5 do bem". A desculpa para esse "bom holocausto" era que Deus iria "socorrer num momento oportuno", ainda que a desgraça seja prolongada e só seja extinta com a morte.
A apologia à desgraça humana repercutiu tão mal que Chico Xavier veio com o "morde-e-assopra" e disse que "todo sofrimento um dia passava". A partir do "médium", o sofrimento humano passou a ser comparado a uma alternância de dias de sol e tempestades, uma comparação que pode ser considerada materialista e grotesca, sem qualquer relação com o verdadeiro humanismo.
Era uma recuada típica de Jair Bolsonaro. Era como se Jair dissesse que a violência de seu projeto político era um processo provisório e, "exterminada a petralhada" (entenda isso como qualquer opositor, mesmo nomes direitistas como João Dória Jr. e a Rede Globo), o Brasil viveria "um tempo de paz e liberdade".
Em outras palavras, Franklin Félix só entendeu uma parte do discurso. Só que ele esqueceu que, na perversa lógica do moralismo punitivista de Chico Xavier, o sofrimento só "teria fim" se atingisse o seu grau mais extremo. Se pudéssemos rebater a sua comparação do sofrimento com a meteorologia, rebatemos comparando o sofrimento humano defendido pelo "médium" como um furacão que dura pouco tempo, mas provoca estragos irreparáveis.
A visão de Chico Xavier do sofrimento humano é essa: primeiro a vida do indivíduo sofre tragédias ou dramas devastadores, deixando como rastro um sentimento de traumas, depressão ou irritação. O sadismo do "médium", com seu moralismo punitivista e ultraconservador, herdado do Catolicismo medieval (que foi a verdadeira religião do "médium"), defende que a pessoa aguente desgraças para "buscar a evolução".
Em tese, não há problema em haver adversidades, desde que elas sejam moderadas e tenham um fim educativo. No entanto, o "espiritismo" de Chico Xavier apela para a overdose de adversidades, uma avalanche de desgraças que só servem para promover o medo, o trauma, a raiva e, de tão excessivas, mais desencorajam o sofredor extremo para a evolução e o trabalho do bem.
Na Teologia do Sofrimento, há o grande erro de achar que a avalanche de desgraças produz somente pessoas geniais, altruístas e criativas. Essas são uma minoria que não dá 1% de infortunados. Em maioria, a desgraça produz tiranos, ladrões, corruptos, invejosos, trapaceiros.
É um grande erro da religião em geral, e da "espírita" em particular, acreditar que o ódio surge sem motivo e o suicídio é uma diversão. Quando existe atos vingativos, é porque a desigualdade atingiu casos extremos, e quem enfrentou uma overdose de prejuízos realiza sua vingança porque se sentiu como um animal acuado. Lembremos que é do instinto do ser vivo. No mundo animal, até mesmo os mais dóceis bichinhos viram feras quando são acuados, como os cães e gatos domésticos.
Ninguém comete vingança ou violência sem motivo. Mas a moral religiosa, sobretudo "espírita", passa pano para atos mais abusivos. A relação entre homicídio e suicídio é um exemplo. O "espiritismo" reprova o homicídio, mas deixa claro seu atenuante através da interpretação moralista (e punitivista) do "pagamento de dívidas passadas", como se um homicida fosse uma espécie de "jagunço de Deus".
Enquanto isso, somente o moralismo "espírita" define o suicídio como um crime hediondo, no qual seu praticante é criminalizado como um covarde, enquanto ao homicida se atribui que "Deus irá cobrar o seu preço", em "momento oportuno", geralmente a encarnação posterior. É a teoria do "fiado espírita", a pessoa pratica suas atrocidades numa encarnação e paga tudo na posterior, com "juros".
Na encarnação presente, o algoz, sobretudo o homicida, pode até mesmo se beneficiar por uma "ressocialização", com base numa interpretação exagerada e utópica do "perdão aos inimigos", que o anedotário popular já define como "ganhão" e "riquezicórdia", tamanhas as concessões dadas, principalmente num Brasil marcado pela impunidade aos privilegiados do dinheiro, do poder, da fama e até mesmo do prestígio religioso (vide Chico Xavier no caso Humberto de Campos).
Essa suposta "ressocialização", conhecida como "alpinismo moral", faz o faltante até deixar de cometer novamente os crimes que realizou, mas não lhe dá o remorso nem o aprendizado necessário para se evoluir, mas, por outro lado, recupera quase todos os privilégios ao criminoso "reintegrado", que vê no perdão alheio um analgésico para seu orgulho incurável, sua ganância e sua presunção.
O caso Guilherme de Pádua é um exemplo desse "alpinismo social", no qual o ex-ator (canastrão), que foi um dos assassinos da atriz Daniella Perez. Tendo sido ressocializado e tornado pastor da reacionária seita Lagoinha, Guilherme se diz "arrependido", mas dá demonstrações de arrogância que o fizeram, certa vez, ameaçar processar a mãe de sua vítima, Glória Perez, por esta tê-lo chamado de "psicopata". Numa cerimônia de seu último casamento, Guilherme de Pádua exibiu um semblante pesado, sugerindo um ar esnobe e soberbo.
E são esses aspectos ocultos no moralismo punitivista de Chico Xavier, que mostram o quanto suas ideias não são tão melífluas quanto parecem. Chico Xavier era defensor de um ultraconservadorismo explícito e comprovado em suas raízes e formação sociais. Fica estranho um sujeito como Franklin Félix, que se diz "de esquerda" mesmo com suas ideias piegas e um tanto contraditórias sobre o "verdadeiro espiritismo" que defende, supostamente "fiel" aos ensinamentos de Allan Kardec.
Daí o constrangimento que hoje se tem quando as pessoas se arriscam a reabilitar a pessoa do "bondoso médium", por enquanto acreditando que a "chuva de pedras" a atingir, até mesmo duramente, a reputação de Chico Xavier, passará e ele daria uma "volta por cima" como um triunfante religioso. Até novas decepções surgirem, continuam as fantasias triunfalistas em prol do "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba.
A "volta" de Francisco Cândido Xavier, na semana passada, através dos trend topics do Twitter, acionada sempre quando há um acúmulo de notícias ruins, mostrou que a idolatria ao "médium" já ocorre mostrando caraterísticas de coisa patética e constrangedora, sem o verniz de "superioridade" das demonstrações mais antigas, sobretudo durante a ditadura militar que ele apoiou convictamente.
O modus operandi chega mesmo a ser comparável com Jair Bolsonaro, que em quase tudo parece com Chico Xavier, excetuando a "fachada" que coloca os dois numa oposição artificialmente forjada, um simbolizando o "ódio", outro o "amor".
Mas, para um ríspido Chico Xavier que agride os amigos de Jair Presente (olha o trocadilho do prenome), cuja desconfiança foi definida pelo "médium" como "bobagem da grossa", e o "capitão" indo para as ruas cumprimentando, simpático e bonachão, os cidadãos de Brasília, ficamos perguntando se até mesmo esse contraste faz sentido.
Esse "retorno" veio sob o apelo risível da "profecia da data-limite" que, entre outros equívocos, está o maior deles, que é o fato de que essa prática é, comprovadamente, rejeitada, reprovada e desaconselhada explicitamente pela Codificação, que define atos de "prever o futuro estabelecendo datas fixas" como mistificação e ação de espíritos levianos.
O pior é que Chico Xavier brincou mesmo de ser profeta, embora parte de seus seguidores tente alegar que a "data-limite" foi uma invenção de Geraldo Lemos Neto. Mas o próprio "médium" já deixou vestígios, em vários de seus livros e na sua aparição no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971, que seu suposto profetismo vinha mesmo dele.
"ROBÔS ESPÍRITAS"
A inclusão da palavra "Chico Xavier" (com palavras separadas e sem o sustenido das hashtags) nos trend topics do Twitter pode ter sido uma ação de "robôs", porque alguns internautas nos informaram que a presença de internautas falando do "médium" no Twitter não era assim tão ativa. Um pequeno número de internautas estava ativo, enquanto outros, apenas no "piloto automático", citavam o nome do "médium" de uma forma repetida.
Essa forma repetida se manifestava com pessoas escrevendo a mesma coisa: que ""entraram" no Twitter e viram as seguintes palavras: "coronavírus", "explosão do vulcão Krakatoa", "fim do mundo", "data-limite" e "Chico Xavier", e "ficaram preocupados". É a mesma tática que fez também ser publicado um texto em que um suposto "Antônio Carlos", que seria "primo" de todo internauta, estaria "curado" do coronavírus devido à cloroquina.
Os "robôs espíritas" que despejaram essa mesma mensagem não são diferentes do que os bolsomínions - defensores radicais de Jair Bolsonaro, famosos por sua agressividade e estupidez - fazem nas redes sociais, formando um "gado digital" que faz tudo em bloco, ou seja, um punhado de internautas e seus perfis fake realizam uma atividade conjunta, havendo neles casos de um único internauta com diferentes perfis, forjando uma "falsa multidão".
Isso apenas tornou-se uma isca na qual aderiram apenas os poucos que defendiam Chico Xavier e apelavam para os clichês surrados de sua idolatria: patéticos "poemas de amor", declarações sem fundamento de que ele "fez muita caridade" e "só viveu pelo próximo", e pedidos para que o "médium" seja "respeitado" e que parassem os "ataques" contra ele.
Essa meia-dúzia é que ficou ativa no Twitter, enquanto os "robôs" disparavam a mesma ladainha ("entrei no Twitter e vi tais palavras e fiquei preocupado", em resumo) e o nome "Chico Xavier" virou fogo de palha, só durando algumas horas, o que mostra o baixo valor do "médium" que só foi considerado "iluminado" a partir de manobras de propaganda enganosa da ditadura militar.
PIEGAS DE "ESQUERDA"
O tuitaço de Chico Xavier foi entre a manhã e a tarde do dia 11 de abril de 2020. Foi um fogo de palha, insuficiente para reabilitar plenamente o "médium", desmascarado por revelações publicadas não só nesta página, como em outras na Internet. A explosão do vulcão Krakatoa, na Indonésia, impulsionou a farsa do "retorno momentâneo" de Chico Xavier às redes sociais.
Mas, dois dias depois, o iludido "intelectual espírita", Franklin Félix, veio com um artigo na Carta Capital que veio com um erro de interpretação, classificando Chico Xavier como "símbolo de otimismo e esperança".
O texto, relacionado à tragédia do Coronavírus, diz que Chico Xavier, em relação a todo sofrimento, costumava dizer: "Isso passa". Em outras ocasiões, conforme vimos em outras fontes, o "médium" também dizia "Tudo passa". Só que Franklin se esqueceu do contexto da frase.
Durante todo o decorrer da carreira, Chico Xavier defendia, com base na Teologia do Sofrimento, que todo sofredor deveria aceitar e suportar as desgraças em silêncio, sem queixumes. Era uma espécie de "AI-5 do bem". A desculpa para esse "bom holocausto" era que Deus iria "socorrer num momento oportuno", ainda que a desgraça seja prolongada e só seja extinta com a morte.
A apologia à desgraça humana repercutiu tão mal que Chico Xavier veio com o "morde-e-assopra" e disse que "todo sofrimento um dia passava". A partir do "médium", o sofrimento humano passou a ser comparado a uma alternância de dias de sol e tempestades, uma comparação que pode ser considerada materialista e grotesca, sem qualquer relação com o verdadeiro humanismo.
Era uma recuada típica de Jair Bolsonaro. Era como se Jair dissesse que a violência de seu projeto político era um processo provisório e, "exterminada a petralhada" (entenda isso como qualquer opositor, mesmo nomes direitistas como João Dória Jr. e a Rede Globo), o Brasil viveria "um tempo de paz e liberdade".
Em outras palavras, Franklin Félix só entendeu uma parte do discurso. Só que ele esqueceu que, na perversa lógica do moralismo punitivista de Chico Xavier, o sofrimento só "teria fim" se atingisse o seu grau mais extremo. Se pudéssemos rebater a sua comparação do sofrimento com a meteorologia, rebatemos comparando o sofrimento humano defendido pelo "médium" como um furacão que dura pouco tempo, mas provoca estragos irreparáveis.
A visão de Chico Xavier do sofrimento humano é essa: primeiro a vida do indivíduo sofre tragédias ou dramas devastadores, deixando como rastro um sentimento de traumas, depressão ou irritação. O sadismo do "médium", com seu moralismo punitivista e ultraconservador, herdado do Catolicismo medieval (que foi a verdadeira religião do "médium"), defende que a pessoa aguente desgraças para "buscar a evolução".
Em tese, não há problema em haver adversidades, desde que elas sejam moderadas e tenham um fim educativo. No entanto, o "espiritismo" de Chico Xavier apela para a overdose de adversidades, uma avalanche de desgraças que só servem para promover o medo, o trauma, a raiva e, de tão excessivas, mais desencorajam o sofredor extremo para a evolução e o trabalho do bem.
Na Teologia do Sofrimento, há o grande erro de achar que a avalanche de desgraças produz somente pessoas geniais, altruístas e criativas. Essas são uma minoria que não dá 1% de infortunados. Em maioria, a desgraça produz tiranos, ladrões, corruptos, invejosos, trapaceiros.
É um grande erro da religião em geral, e da "espírita" em particular, acreditar que o ódio surge sem motivo e o suicídio é uma diversão. Quando existe atos vingativos, é porque a desigualdade atingiu casos extremos, e quem enfrentou uma overdose de prejuízos realiza sua vingança porque se sentiu como um animal acuado. Lembremos que é do instinto do ser vivo. No mundo animal, até mesmo os mais dóceis bichinhos viram feras quando são acuados, como os cães e gatos domésticos.
Ninguém comete vingança ou violência sem motivo. Mas a moral religiosa, sobretudo "espírita", passa pano para atos mais abusivos. A relação entre homicídio e suicídio é um exemplo. O "espiritismo" reprova o homicídio, mas deixa claro seu atenuante através da interpretação moralista (e punitivista) do "pagamento de dívidas passadas", como se um homicida fosse uma espécie de "jagunço de Deus".
Enquanto isso, somente o moralismo "espírita" define o suicídio como um crime hediondo, no qual seu praticante é criminalizado como um covarde, enquanto ao homicida se atribui que "Deus irá cobrar o seu preço", em "momento oportuno", geralmente a encarnação posterior. É a teoria do "fiado espírita", a pessoa pratica suas atrocidades numa encarnação e paga tudo na posterior, com "juros".
Na encarnação presente, o algoz, sobretudo o homicida, pode até mesmo se beneficiar por uma "ressocialização", com base numa interpretação exagerada e utópica do "perdão aos inimigos", que o anedotário popular já define como "ganhão" e "riquezicórdia", tamanhas as concessões dadas, principalmente num Brasil marcado pela impunidade aos privilegiados do dinheiro, do poder, da fama e até mesmo do prestígio religioso (vide Chico Xavier no caso Humberto de Campos).
Essa suposta "ressocialização", conhecida como "alpinismo moral", faz o faltante até deixar de cometer novamente os crimes que realizou, mas não lhe dá o remorso nem o aprendizado necessário para se evoluir, mas, por outro lado, recupera quase todos os privilégios ao criminoso "reintegrado", que vê no perdão alheio um analgésico para seu orgulho incurável, sua ganância e sua presunção.
O caso Guilherme de Pádua é um exemplo desse "alpinismo social", no qual o ex-ator (canastrão), que foi um dos assassinos da atriz Daniella Perez. Tendo sido ressocializado e tornado pastor da reacionária seita Lagoinha, Guilherme se diz "arrependido", mas dá demonstrações de arrogância que o fizeram, certa vez, ameaçar processar a mãe de sua vítima, Glória Perez, por esta tê-lo chamado de "psicopata". Numa cerimônia de seu último casamento, Guilherme de Pádua exibiu um semblante pesado, sugerindo um ar esnobe e soberbo.
E são esses aspectos ocultos no moralismo punitivista de Chico Xavier, que mostram o quanto suas ideias não são tão melífluas quanto parecem. Chico Xavier era defensor de um ultraconservadorismo explícito e comprovado em suas raízes e formação sociais. Fica estranho um sujeito como Franklin Félix, que se diz "de esquerda" mesmo com suas ideias piegas e um tanto contraditórias sobre o "verdadeiro espiritismo" que defende, supostamente "fiel" aos ensinamentos de Allan Kardec.
Daí o constrangimento que hoje se tem quando as pessoas se arriscam a reabilitar a pessoa do "bondoso médium", por enquanto acreditando que a "chuva de pedras" a atingir, até mesmo duramente, a reputação de Chico Xavier, passará e ele daria uma "volta por cima" como um triunfante religioso. Até novas decepções surgirem, continuam as fantasias triunfalistas em prol do "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba.