Cuidado! Pretensas psicografias podem revelar falso testemunho

SEM A MENOR SUSTENTAÇÃO LÓGICA QUE SUGERISSE AUTENTICIDADE SOB QUALQUER HIPÓTESE, PARNASO DE ALÉM-TÚMULO PODE REPRESENTAR FALSO TESTEMUNHO DIANTE DE PRETENSAS ATRIBUIÇÕES A ESCRITORES MORTOS.

No seu tempo, Jesus de Nazaré, na sua Última Ceia, afirmou que, além de prevenir que será traído por um dos apóstolos, Judas Iscariotes, disse que outro apóstolo, Simão Pedro, iria negar o vínculo com seu mestre três vezes, antes do galo cantar na manhã seguinte. A passagem desse pressentimento de Jesus está em várias passagens do Evangelho em Mateus 26:33-35, Marcos 14:29-31, Lucas 22:33-34 e João 13:36-38.

Ela se deu da seguinte forma. Quando Jesus foi preso, Pedro foi chamado por um sumo sacerdote para dar seu depoimento. Uma criada apontou que Pedro era ligado a Jesus. Este negou. Em seguida, a criada falou a uma multidão em frente que Pedro estava com Jesus. Pedro novamente negou. Respondendo a alguém da multidão que, sob outras vozes concordantes, acusou-o de ter relação com Jesus, Pedro foi enfático e disse que nunca o conheceu.

No "espiritismo" brasileiro, sabemos que as traições ocorrem permanentemente. Os "espíritas" atuam como Judas Iscariotes todos os dias, sem cessar, sem dar uma única trégua. Fogem dos postulados espíritas originais apelando para a deturpação igrejeira, que reduz a Doutrina Espírita a uma imitação grosseira do Catolicismo. Fazem isso, mas depois fingem jurar "fidelidade absoluta" e "respeito rigoroso" aos ensinamentos de Allan Kardec, traído e, depois, beijado sem o menor escrúpulo, sem um pingo de remorso.

Pelo contrário, as traições são ainda mais dissimuladas quando os próprios traidores reclamam "respeito total" aos ensinamentos da Codificação. Hipócritas, chegam a cobrar dos outros o mais fidedigno respeito, quando são os declarantes os que mais traem, sem qualquer tipo de piedade, mas com muito senso de mau-caratismo.

Eles cometem, então, falso testemunho, porque eles deturpam o Espiritismo e tentam negar, mediante todo tipo de desculpa, que vai desde a falácia das "tradições religiosas populares", usada para justificar a "catolicização" do Espiritismo, até mesmo a falsa condenação à "vaticanização da Doutrina Espírita", dentro daquela lógica da trave e do argueiro, quando se queixa dos argueiros dos "constantinos" do "movimento espírita" e não as traves dos acusadores que igualmente deturpam o legado kardeciano.

Mas o falso testemunho não termina aqui. A trajetória de Francisco Cândido Xavier foi um esforço hercúleo de sustentar uma grande mentira por décadas, a ponto dos mais intrincados artifícios, que envolveu a morte suspeita de um sobrinho que queria desmascará-lo, Amauri Xavier, e foi alvo de calúnia por parte dos próprios "espíritas" que, em mais um falso testemunho, se julgam "incapazes de caluniar até o mais deplorável inimigo, quanto mais um sobrinho de uma pessoa querida".

O "espiritismo" brasileiro é um festival de hipocrisias bastante constrangedores que só não é percebido porque sua embalagem "modesta", "racional" e "agradável em vários aspectos" ilude muita gente, mesmo aqueles que se consideram razoavelmente esclarecidos, mas que não se previnem diante de "cantos de sereia" partidos de gente como Chico Xavier.

Chico Xavier também deu seus falsos testemunhos. Um ridículo livro poético, Parnaso de Além-Túmulo, feito da mente do "médium" e de dirigentes da "Federação Espírita Brasileira", é o primeiro de uma grande porção de falsos testemunhos, dos quais se apresentam fortes indícios e até provas de que tudo veio da mente do mineiro de Pedro Leopoldo, mas oficialmente se credita a personalidades mortas das mais diversas, famosas ou não.

São falsos testemunhos que entram em contradição, apresentam irregularidades e equívocos diversos, põem na conta de outros autores posturas de Chico Xavier consideradas suspeitas - como fazer graves e impiedosas acusações contra pessoas humildes que foram vítimas de um incêndio no Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, a poucos dias do Natal de 1961) e por isso revelam a sua hipocrisia e a profunda desonestidade do "bondoso médium".

Apesar de atitudes medrosas como as do acadêmico Alexandre Caroli Rocha, que teme o desmascaramento de Chico Xavier e, por isso, prefere deixar as "psicografias" em aberto e só analisá-las através da desnecessária e nada eficiente técnica matemática de analisar sílabas de cada palavra nas obras "mediúnicas", nota-se que a obra do "médium" aponta indícios e até provas de que são uma farsa.

Chico Xavier, evidentemente, não faria sozinho essas fraudes. Mas também não se isenta de culpa, no caso da participação de terceiros. Até porque ele decidiu produzir essas mentiras, como meio de promoção pessoal, e hoje é chocante dizer que Chico Xavier era um arrivista, mas é só mergulhar no começo de sua carreira para verificar que isso é verdade.

Esqueçamos as narrativas chapa-branca que definem o "médium" como se fosse um personagem de contos de fadas. A versão realista da vida de Chico Xavier, mais próxima de narrativas surreais críticas como as dos filmes do grupo Monty Python (imagine um spoiler de uma comédia surreal de um autor de livros fake, um falsário literário, que depois se transforma num "mensageiro de Deus"), revela um grande farsante.

Como as traições dos "espíritas" brasileiros, milhões de vezes mais graves do que a traição de Judas Iscariotes, na medida em que são praticadas de forma incessante, as traições de Chico Xavier - sim, este o mais grave traidor da causa espírita, de forma que ele intensificou a deturpação que já estava em curso desde 1884 - ainda envolvem os falsos testemunhos, trazidos muito mais vezes do que as de Simão Pedro.

São falsos testemunhos dados, portanto, não somente três vezes. A quantidade de escritores creditados em Parnaso de Além-Túmulo já era bem maior do que essas três vezes. As atribuições envolveram centenas de mortos, creditados por algo que nunca escreveram, e o caso mais grave, lesando a memória de Humberto de Campos, rendeu um processo judicial que, por sorte (de Chico Xavier), resultou na impunidade.

O mais grave é que, sendo mentiroso e desonesto, Chico Xavier ainda assediou o filho homônimo de Humberto de Campos, através de um espetáculo farsesco de Assistencialismo barato e de pregação religiosa piegas e oportunista. E isso é muito mais grave porque se coloca a família do lesado para apoiar uma falsidade, um falso testemunho.

E isso foi feito antes quando Chico Xavier lesou a memória da jovem professora Irma de Castro Rocha, a Meimei, ao assediar o viúvo dela, Arnaldo Rocha, que, dominado pela fascinação obsessiva - que a Codificação define como um perigoso processo de obsessão espiritual - , o fez parceiro de obras farsantes creditadas à jovem que, no mundo espiritual, teria ficado horrorizada com isso e se afastado da Terra, o que confirma que não foi Meimei quem escreveu as obras a ela creditadas.

São tão graves as traições e os falsos testemunhos feitos na "seara espírita" brasileira, em boa parte sob a colaboração inescrupulosa de Chico Xavier, que é assustador que ninguém se aflija com isso, antes tentando negar todas essas coisas (comprovadas pela lógica e pelas provas diversas), até com certa arrogância e toda a sorte de pretensa argumentação.

Mas a verdade é que não se sustenta uma mentira durante muito tempo, mesmo que ela esteja tendenciosa e falsamente creditada aos ensinamentos cristãos e seja sustentado pelo persistente verniz de falsa lógica e falsa beleza. É como lembra o famoso político dos EUA, Abraham Lincoln:

"Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo".