"Espiritismo" brasileiro NÃO é amigo dos ateus. Deixem disso!


Devemos nos manter vigilantes às sutilezas, pois as piores armadilhas são as mais imperceptíveis. No caso do Espiritismo, sabemos que o chamado inimigo interno não é aquele sujeito que está casmurro, fala de maneira sinistra e mal consegue esboçar alguma afeição. O inimigo interno do Espiritismo não só não está fora dele como também não se senta atrás.

O pior inimigo interno está na frente, é efusivo e abraça a todos, porque o pior esconderijo está naqueles que estão na frente, abertamente calorosos, porque escondem os maus instintos. Quantas ambições perigosas não esconderam, por exemplo, "médiuns" como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, sob o verniz da "mansuetude espírita" que fascina a todos?

A ignorância da maioria dos brasileiros pode incluir casos grotescos como os chamados bolsonaristas fazendo protestos contra a quarentena e fazendo rituais sádicos como dançar segurando um caixão de papelão, rindo das mortes pelo coronavírus.

Mas não pensem que a "mansa e serena" apreciação do "espiritismo" propagado por Chico Xavier seja desprovida da mesma insanidade mental. De um lado, temos a manifestação de um Paulo Kogos, jovem da alta sociedade que atua como um youtuber desequilibrado, que chegou a falar em "velório de João Dória Jr." e, depois, pedir desculpas por ofender o governador de São Paulo, amigo dos familiares do atrevido rapaz.

De outro, no entanto, temos pessoas na Internet que, bastando ver o acúmulo de notícias trágicas na Internet, despejam a tal da "profecia da data-limite" de Chico Xavier que não só foi um grande fiasco como, por diversas razões, Allan Kardec reprovava tais práticas, atribuindo a "profecias" como esta indício de mistificação e ação de espíritos zombeteiros.

DESINFORMAÇÃO TOTAL E PREGUIÇA EM CONHECER A REALIDADE

A desinformação dos brasileiros é generalizada e é o nosso povo que impede que o Brasil se progrida, presos em zonas de conforto que preferem uma compreensão distorcida, mas agradável, da realidade, do que abrir mão de convicções e admitir decepção com certas personalidades.

Um exemplo disso é a postura complacente que as forças ativistas de esquerda têm em relação a Chico Xavier, apesar de todas as suas demonstrações de profundo, radical e irredutível reacionarismo ideológico. Presas no pensamento desejoso, as esquerdas preferem relativizar esse direitismo com argumentos duvidosos, contraditórios e problemáticos, porém agradáveis e passíveis de fabricar consenso entre muitos.

Ninguém conhece o Espiritismo original, no Brasil, a não ser poucos, muito poucos, que não têm o menor destaque nem a mínima visibilidade social. A maioria dos brasileiros confunde as coisas e aceita, sob a comodidade de gado bovino, que a Doutrina dos Espíritos seja deturpada e desfigurada, enquanto seus praticantes, traiçoeiros, juram "fidelidade absoluta" e "respeito rigoroso" àquele que traem diária e incessantemente, sem escrúpulos nem remorsos: o próprio Allan Kardec.

Para piorar ainda mais as coisas, uma boa parte da sociedade brasileira, tomada de confusão mental - e não estamos falando de tresloucados bolsonaristas, mas de pessoas "isentas" e até de esquerda, que se julgam "mais racionais e ponderados" e não reagem a críticas com explosões de raiva - , confunde Conhecimento com Ocultismo, e não raro surgem vídeos de pessoas que misturam dados científicos com apelos místico-religiosos, como se isso fosse "filosofia", mas não é.

Por isso são os mais estúpidos, burros e teimosos - inclusive os "mais racionais" das esquerdas e dos setores "isentos" da sociedade - que mais insistem em visões distorcidas da realidade, preferindo criar falsas argumentações, sob um verniz de "racionalidade" e prontos para rebater argumentos mais lógicos do que os deles, tudo isso para proteger suas convicções. É a chamada "filosofia do umbigo", em que se criam "exércitos de argumentações" para justificar coisas nem tão lógicas assim.

ATEUS SÃO OS "VIRGENS" DO ASSÉDIO "ESPÍRITA"

Neste país em que a mania de argumentar é mais frequente entre os burros e os precariamente esclarecidos - afinal, os mais sensatos não precisam explicar demais aquilo que é lógico - e no qual o aparato "científico" é armado justamente pelos que têm confusão de ideias (que precisam até forjar "referências bibliográficas", dando às suas falácias caráter de "artigos" ou "monografias" científicos), há uma terrível falácia do "movimento espírita" que consegue enganar muita gente.

Os "espíritas" costumam fazer uma pegadinha para quem consideram ser seus adversários, opositores ou divergentes. Eles dizem "sentimos por estes profunda consideração, respeito e até admiração", enganando muita gente pensando que os "espíritas" apoiam, por exemplo, ativistas de esquerda e, sobretudo, os ateus.

Quanta credulidade para quem pensa que os "espíritas" adotam esse "espírito de respaldo" a tudo e a todos. Quanta tolice! As pessoas não percebem, no caso dos ateus, que o aparente apoio dos "espíritas" é uma grande cilada, e que o "espiritismo" brasileiro não é a religião que respeita os ateus, pois maior e verdadeiro respeito viriam da Igreja Católica e da Igreja Batista, na tolerância sincera a divergentes.

Ora, vamos raciocinar um pouco. Os estupradores dizem gostar muito de garotas virgens. Eles estão apoiando elas em sua virgindade? Não. E as raposas? Elas gostam de galinhas. Vamos ser ingênuos e achar que as raposas são amigas das galinhas, por causa disso?

O assédio "espírita" é um meio traiçoeiro, que se vale da desinformação generalizada. Como até as pessoas com algum esclarecimento não têm consciência de que o Espiritismo é feito "gato por lebre" no Brasil, ignorando que "nosso Espiritismo" não passa de uma forma repaginada do Catolicismo jesuíta do período colonial (que tinha matrizes medievais), então achamos que o igrejismo "espírita" também pode ser "de esquerda" e até mesmo "acolhedor dos ateus".

E OS FALSOS ATEUS?

É toda uma rede de discursos e de manobras que fizeram Chico Xavier ser a pessoa mais blindada do Brasil, uma espécie de "tucano que deu certo", aceito até pelas ingênuas esquerdas que se esqueceram que o "médium" esculhambou as classes trabalhadoras diante de uma grande plateia de TV e esses valores não foram revistos. Ao morrer, Chico Xavier deixou como uma de suas manifestações o horror explícito de ver o Brasil sendo presidido pelo ex-sindicalista Luís Inácio Lula da Silva.

Temos dificuldade de desconstruir discursos, porque muito se manipulou para manter o povo brasileiro desinformado e que a desinformação se espalhasse tanto, como um "coronavírus das ideias", que até mesmo pessoas um pouco esclarecidas, que se supõem ter a plenitude da sensatez, cometem vergonhosas gafes em algum momento.

É evidente que os "espíritas" não toleram ateus. Isso é propaganda aliciatória, é uma forma de atrair mais gente para o "rebanho espírita"! A suposta apreciação dos ateus, que inclui até mesmo a atuação de um biógrafo de Chico Xavier supostamente ateu, como "façanha" para fortalecer a idolatria, já profundamente cega, ao "médium", é apenas um gancho para atrair mais seguidores a essa religião. O ateu é uma espécie de "virgem", sob o ponto de vista da religião. O ateu é "virgem de Deus".

Devemos também nos atentar sobre os falsos ateus, que, acolhendo o "espiritismo", na verdade se camuflam ao usar tendenciosamente a questão kardeciana "O que é Deus? É a causa primária de todas as coisas", fingindo refutar a tese de que o Universo é controlado por um velho gordinho e barbudo.

São os "ateus graças a Deus" que se infiltram em páginas de ateísmo para converter os fiéis. Pessoas que dizem "não acreditar em Deus" e acreditam em Chico Xavier, e parecem gozar da ilusão de um famoso episódio, no qual um diz ao "médium" que "não acredita em Deus" e o "médium" responde "Não faz mal. Deus acredita em você".

Até Divaldo Franco usou de sua lábia traiçoeira para dizer que "prefere conversar com ateus do que com religiosos assumidos", algo como um lobo preferir o berro manso das ovelhas do que os uivos de sua espécie. Não é algo que devemos entender como saudável, só porque é descrito em dóceis palavras. Porque muitas vezes o pior veneno tem sabor de mel e desce bem na boca.

O "espiritismo" brasileiro é radicalmente deísta, e temos o exemplo do palestrante Richard Simonetti, já falecido, que falou que o "ateísmo é fábrica de suicidas", como se a negação de Deus fosse um "exterminador de esperanças". O próprio Chico Xavier era um deísta convicto e radical, e não seria ele o melhor amigo para os ateus.

Devemos parar com a ilusão de que o "espiritismo" brasileiro acolhe os ateus. A suposta acolhida é apenas um meio de atrair seguidores e, dentro do "meio espírita", converter as pessoas a abandonarem esse ateísmo, de maneira velada, dissimulada porém certeira. Os "espíritas" fazem outra pegadinha: a ninguém pretendem converter, mas "sem querer querendo" acabam sempre usando meios para converter as pessoas sem que elas saibam disso.