Chico Xavier virou "dono da verdade", infelizmente ele se tornou intocável

Francisco Cândido Xavier virou o "dono da verdade" no Brasil. Isso é péssimo. Afinal, ele é o único brasileiro que não pode ser questionado, e seus piores erros são minimizados por qualquer delirante interpretação, ou então, qualquer parecer covarde.
Covardes foram as alegações de Ronaldo Terra e Alexandre Caroli Rocha, escondidos sob a capa da "objetividade acadêmica" e do "verniz científico" para suas teorias nada científicas. Suas teses se tornam extremamente constrangedoras porque entram em conflito com a Lógica e o Bom Senso, embora tenham sido concebidas sob um aparato intelectual supostamente respeitável.
Ronaldo Terra alegou que Chico Xavier apoiou a ditadura militar por causa da "santidade" do "médium". Isso não faz o menor sentido. Pensando logicamente, não há como negar que Chico Xavier colaborou, sim, com a ditadura militar, por dois motivos muito simples:
1) O conservadorismo das declarações do "médium" havia sido escancarado demais para se acreditar que o "médium" não seria um reacionário;
2) Como o Brasil vivia um período de radicalismo muito grande, a Escola Superior de Guerra, "cérebro" da ditadura militar, nunca iria prestar homenagens a quem não tivesse uma colaboração estratégica na defesa e no respaldo do regime ditatorial.
Portanto, se a Escola Superior de Guerra condecorou Chico Xavier, é porque este colaborou com a ditadura militar. Até porque, se houvesse instituição para celebrar a "santidade" do "médium", teria sido, por exemplo, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e não uma entidade militar com "guerra" no nome.
Neste caso, Ronaldo Terra simplesmente cometeu uma gafe intelectual, uma aberração conceitual muito grave, mas que se deixou aprovar porque está de acordo com a burocracia dos cursos de pós-graduação no Brasil, que demonizam o senso crítico e preferem que teses sem pé nem cabeça sejam lançadas, estando elas de acordo com a cosmética da "linguagem científica" e das abordagens assépticas à margem da transmissão de Conhecimento.
E também constatamos a outra covardia de Alexandre Caroli Rocha. É um cara que expressa medo até no semblante, um sujeito que demonstra claramente um anti-intelectualismo, querendo forçar a barra fazendo análise literária com critérios estranhamente matemáticos.
Quem tem um conhecimento profundo de leitura sabe que o "Humberto de Campos" trazido por Chico Xavier (inclui as obras que levam o crédito "Irmão X") são absolutamente fake. Eles fogem até mesmo da linguagem humorística do Conselheiro XX, quanto mais das obras que Humberto escreveu sob o próprio nome em vida.
Uma simples leitura comparativa derruba qualquer chance de ver autenticidade na obra "mediúnica", não precisando adotar os critérios de Caroli Rocha de esperar "entender o mundo espiritual" e a "relação da atividade mediúnica", critérios aliás que o próprio "movimento espírita" se recusa a estudar, preferindo manter teses de caráter especulativo e pseudo-científico.
Não há como escapar isso, e não somos nós que decidimos agir assim. Afinal, se contestamos a trajetória de Chico Xavier, é porque adotamos justamente os critérios de raciocínio lógico recomendados por ninguém menos que Allan Kardec, que sempre aconselhou para rejeitarmos corajosamente o que a Lógica e o Bom Senso reprovam.
Tenhamos paciência. Vamos abandonar as paixões religiosas. Em muita coisa Chico Xavier praticou sob o total arrepio da Lógica e do Bom Senso, coisas completamente estranhas que só mesmo o apego à fascinação obsessiva e às paixões religiosas tentam abafar.
NO BRASIL, ACREDITA-SE QUE O QUE É ILÓGICO NA TERRA, É "LÓGICO" NO MUNDO ESPIRITUAL
O que prevalece por aqui é um raciocínio malandro, típico de crianças quando se tornam teimosas e se tornam prisioneiras de suas fantasias. Afinal, para blindar Chico Xavier, é usado o recurso falacioso de que "a realidade é desagradável" e, por isso, cria-se uma narrativa ilusória, porém agradável, criando uma "realidade paralela" só para abordar o "médium" sempre de maneira confortável.
Chega-se ao ponto de muitos acreditarem, no caso de Chico Xavier, que o que é absurdo e fora de lógica em sua trajetória "só pode ser explicado" no mundo espiritual. Só que isso seria menosprezar e até ridicularizar nossa capacidade de raciocínio se transformássemos o mundo espiritual num exílio para nossas fantasias reprimidas na vida terrena.
Não existe sentido lógico sequer ao atribuir sentido "lógico" ao que é ilógico na Terra. Ou seja, trata-se de uma ideia imbecil a de reservar um "paraíso" do absurdo no mundo espiritual, onde a lucidez humana se encontra ampliada, e onde a lógica dos fatos não pode ser corrompida nem depreciada.
O que os partidários de Chico Xavier fazem é azucrinar o mundo espiritual, como se no além-túmulo se pensasse o que quiser, a indivualidade fosse às favas e só reinasse o igrejismo. Torna-se terrivelmente anti-kardeciano com tais concepções, bem mais do que se pode imaginar.
BLINDAGEM DE FAZER INVEJA AOS "CACIQUES" DO PSDB
É lamentável que uma única pessoa, quem quer que seja, fosse imune a qualquer contestação, como se a Verdade não pudesse atingir essa pessoa. Chico Xavier é tratado como se fosse o "dono da verdade", pois a Verdade não mexe com ele, a realidade dos fatos não pode atingi-lo e interpretações enviesadas são usadas para relativizar os aspectos negativos da carreira do "médium".
Um dos grandes absurdos é o uso da palavra "caridade" como carteirada, aceitando-se tal ideia sem que qualquer fundamentação fosse feita, bastando um simples boato para todo mundo aceitar. O povo pobre é só um detalhe. Estranha a "caridade" que beneficia mais o suposto benfeitor, mas todos aceitam com submissão de gado bovino.
A blindagem que Chico Xavier recebe é de fazer inveja aos "caciques" tucanos - tucano é o nome do político filiado ao PSDB - , porque até mesmo diante dos ataques se acredita que o "médium" irá passar por cima de tudo.
Infelizmente, prevalece a ideia de que Chico Xavier está "acima de tudo e acima de todos". Ele virou um "intocável". Seu mito foi desenvolvido durante a ditadura militar, mas muitos acreditam que ele se impõe para "acima dos tempos". Imaginar que uma simples pessoa está "acima da Verdade", sob o pretexto de que "só Deus mostrará a verdade de Chico Xavier" é um acinte à inteligência e ao bom senso.
Daí que, quando há um incidente desfavorável a Chico Xavier, há duas reações: ou se renega a realidade e a lógica dos fatos ou, no caso de ser impossível isso, usar o pensamento desejoso para relativizar as coisas. Daí as atitudes covardes de Ronaldo Terra e Alexandre Caroli Rocha.
Só que isso demonstra apenas um apego às paixões religiosas de uma pessoa, no caso o "médium". Seus seguidores não têm a consciência tranquila, e se contradizem, um dia dizendo que Chico Xavier é "espírito de luz", noutro dizendo que ele é "imperfeito e endividado". Se irritam, reagem com ódio e ameaças, dissimulam aqui e ali - sobretudo quando alardeiam, como gente chata, que "não são espíritas", como se isso resolvesse alguma coisa - e por aí vai.
Preocupados em colocar Chico Xavier acima da Realidade, da Verdade, da Lógica e do Bom Senso, os chiquistas, independente de serem ou não sectários, sempre estão com a consciência pesada. Supostamente pacifistas, acabam brigando com os fatos e com a realidade e, não raro, também brigam com as demais pessoas, pois quem está preso às paixões religiosas, apesar de, em tese, ser incapaz de brigar, acaba sendo, justamente, o pior dos brigões. Não muito diferente do gado bolsonarista.