O "mui amigo" Chico Xavier, em relação às dores de Juscelino Kubitschek

Fala-se que Francisco Cândido Xavier era "apolítico" e "apartidário". Como todo conservador, isso é um discurso muito usado para todo "isento" que oculta suas opções pessoais. Muitos analistas sérios divulgam, constantemente, que todos aqueles que se julgam "não terem lado" estão à direita, como muitos que se julgam "não serem de esquerda nem de direita".
Aliás, o discurso "não sou de direita nem de esquerda" é dado por muitos direitistas, seja para permitir seu trânsito nos círculos esquerdistas, para fazer proselitismo conservador, seja para se livrar da culpa de incidentes incomodamente reacionários. O desejo de "isenção" já está visado na opinião pública, e até os adeptos de Jair Bolsonaro se consideram "apartidários", vide o famigerado lema "Meu Partido é o Brasil".
O texto do perfil de Nuno Emanuel, no Facebook, descreve a "amizade" que Juscelino Kubitschek, um político realmente de centro - era de um partido de direita, mas acolheu, por opção pessoal, ideias progressistas - , com Chico Xavier e Waldo Vieira, algo que rendeu mau agouro para o então presidente, que, depois de condecorar os dois "médiuns" e declarar a "Federação Espírita Brasileira" como "instituição de utilidade pública", em 1960.
Tudo escapou das mãos de Juscelino, que era tão moderado que não gostou de ver o ex-vice presidente João Goulart anistiando Cabo Anselmo e outros manifestantes e defendeu o golpe militar de 1964, acreditando ser um governo provisório, de um general-tampão que iria apenas completar o mandato deixado vago pelo presidente deposto.
Só que JK perdeu a chance de disputar as eleições presidenciais de 1965, canceladas pelo prolongamento da ditadura militar. E o nosso "progressista" Chico Xavier, grande "isento", "apartidário" e "apolítico" tido como "altruísta", desejoso do "progresso do Brasil", nem para intuir aos generais para frearem o regime e permitirem a campanha de 1965!
Juscelino também perdeu a chance de redemocratizar o país pela Frente Ampla - e ainda dando exemplo de perdão aos "espíritas", se conciliando com o arquirrival Carlos Lacerda, com o qual iria disputar a Presidência da República em 1965 - , porque o movimento durou pouco e foi cancelado por imposição da ditadura militar.
Vieram outros infortúnios: a perda da candidatura à Academia Brasileira de Letras (que, dizem, era a "menina dos olhos" dos fundadores da FEB e onde fazia parte o Humberto de Campos usurpado criminosamente por Chico Xavier) e o acidente de carro que matou o ex-presidente em 1976, na verdade um atentado que o assassinou.
A "bruxa" estava solta na vida de Juscelino e o "mui amigo" Chico Xavier o "amparava" nas dificuldades, algo que mostra uma moral estranha e maquiavélica do "espiritismo" brasileiro, assim como toda religião com o mesmo moralismo medieval: "produzir" o sofrimento no outro para fabricar a "caridade", tudo para garantir ao ídolo religioso de plantão o protagonismo diante da falsa solidariedade (usa-se até o neologismo "sordidariedade" para tais ocasiões).
O texto abaixo narra a "amizade" e mostra o quanto o "espiritismo" brasileiro tornou-se ingrato a Juscelino Kubitschek, não lhe transmitindo boas energias para favorecê-lo e torná-lo novamente presidente do Brasil, e isso nem para propiciar as "perspectivas ufanistas" do progresso brasileiro! Os infortúnios de JK após acolher o "espiritismo" são um dos fortes indícios da força azarenta da religião.
Também é citado, no texto, o "médium" Zé Arigó, acolhido pelo "movimento espírita" a exemplo de João de Deus nos últimos anos, mas que, ao ser denunciado por cobrar dinheiro dos fiéis, foi também defenestrado do "espiritismo" brasileiro, que nos dois casos renegou o vínculo antes considerado "plausível" (sabemos que o vínculo de João de Deus com o "movimento espírita" se deu através de Chico Xavier, ligado à FEB, que apadrinhou o "médium" goiano).
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Trecho do texto "Profecia de Chico Xavier (1952) foi lida em Sessão Plenária e inserida nos Anais da Assembleia Legislativa - MG", por Nuno Emanuel
No site da Biblioteca Nacional do Brasil http://memoria.bn.br estão milhares de exemplares digitalizados de jornais e revistas de todas as épocas. Após pesquisa avançada só encontrámos a mensagem de 1952 na “Tribuna de Imprensa” do Rio de Janeiro de 1990. Ela surge num artigo de política de Sebastião Nery que foi assessor da candidatura de Collor de Melo em 1989 e em abril de 1990 alega que a mensagem se referia ao já eleito presidente. Nery refere que texto é de André Luiz em 24/12/1952, mas o seu conteúdo é que é relevante.
Nery não estava a par da posição de Chico Xavier no ano anterior, durante a campanha eleitoral, que não desmentiu a mensagem mas negou que ele fosse sobre Caiado e que era para o futuro do Brasil?
O achado do texto na íntegra é importante porque a mensagem original foi lhe entregue por Olavo Drummond, escritor, jornalista, advogado e político conceituado, amigo próximo de inúmeros estadistas, grandes empresários e artistas brasileiros e reconhecido por toda a vida por sua amizade com o presidente JK Foi membro da Academia Mineira de Letrasa (cadeira nº 12), sucedendo ao seu amigo Tancredo Neves.
No Correio Braziliense (23/04/2010), Ari Cunha fala da amizade de Chico Xavier com o presidente Juscelino Kubitschek (JK) e das visitas ao médium que o coronel Lelis fazia a pedido de JK. Ronaldo Couto, ex-governador de Brasília e jornalista, foi biógrafo de JK revela: “Em momentos especialmente difíceis, costumava consultar os médiuns Chico Xavier e Zé Arigó, de quem era amigo desde o governo de Minas.”
O jornalista Alexandre Nonato informa em um artigo que “JK era um homem que se interessava pela espiritualidade, embora se declarasse católico, tinha simpatia pelo espiritismo. JK e Arigó conheceram-se no início da década de 1950 através de João Goulart. Arigó pertencia ao sindicato de mineradores de Congonhas do Campo (MG). Mas foi durante a presidência da República que o contato e a amizade entre JK e Zé Arigó aumentaram. O médium foi preso em 1958 acusado de feitiçaria e exercício ilegal da medicina. Em maio daquele ano, JK concedeu indulto ao médium.
Na década de 1960, Arigó retribuiu o gesto de apoio de JK, curando uma grave infecção renal de Márcia Kubitschek. Arigó (que dizia incorporar o espírito de Dr. Fritz), sem examiná-la e nem saber do que se tratava, teria receitado um remédio natural que só estava disponível na Alemanha. Ela ficou completamente curada deste problema. A amizade entre JK e Arigó permaneceu até mesmo no exílio do ex-presidente, quando ainda trocavam correspondências.
JK conheceu Chico Xavier em 1956 e relação foi além da amizade, uma vez que o médium foi um vínculo de apoio e aconselhamento espiritual nos momentos difíceis na presidência da República. A influência do Espiritismo na construção de Brasília foi um capítulo esquecido nas biografias de JK. Através dos coronéis Jofre Lellis e Nélio Cerqueira (assessores de JK, ambos espíritas e amigos de Chico Xavier), JK enviava perguntas sobre decisões, dilemas e problemas a serem sanados na construção de Brasília. JK escrevia as perguntas em papéis separados. Cada questão era respondida nas respectivas folhas por determinado espírito, através de incorporação no médium. As respostas psicografadas enviadas ao presidente da República visavam sempre elevar o ânimo, a motivação, o entusiasmo nas realizações dos empreendimentos em Brasília. Em alguns períodos, as visitas de Jofre e Nélio eram semanais.
Próximo da inauguração de Brasília, Chico Xavier, acompanhado de Waldo Vieira, foi convidado para conhecer as obras da nova capital. Eles visitaram o Catetinho, o Palácio da Alvorada, outras construções finalizadas e em andamento e assistiram a alguns vídeos sobre Brasília. Os dois receberam de presente uma gravata cada, retiradas do próprio closet de JK.” Fonte: (Adriana Caitano https://espiritismoemidia.wordpress.com/2010/04/23/a-amizade-entre-chico-e-jk/)
A médium Marilusa Vasconcellos, amiga de Chico Xavier (que orientou a sua mediunidade ao longo de vários anos), e que também foi amiga de Waldo Vieira que foi amiga dos 2 médiuns, relembra-nos este vídeo de Waldo que confirma estes encontros secretos… JK, Chico Xavier e Waldo Vieira sobre Brasília https://www.youtube.com/watch?v=UQqtn83PbHU
Afirmar que Chico é “apolítico ou apartidário” pode ser por 2 motivos: 1) o próprio Chico tê-lo dito por diplomacia política estratégica (e seus amigos dizerem o mesmo publicamente) ou 2) não ter convivido com Chico em sua casa ou na sua intimidade, onde por diversas tomou partido.