Como se deixou Chico Xavier enganar o Brasil
CHICO XAVIER ARRUMOU UMA "CASA ESPÍRITA" PARA O "MÉDIUM" GOIANO JOÃO DE DEUS, ASSIM QUE ESTE PASSOU A SER ACUSADO DE CRIME DE CHARLATANISMO.
Como uma simples campanha pode, com o tempo, transformar pessoas desprezíveis em pretensas unanimidades, mesmo à luz de aparentes polêmicas e escândalos abafados com notável habilidade retórica e persuasiva. Como as conveniências podem criar supostos heróis, mesmo quando estes se situam numa abordagem falsamente realista, tipo "gente como a gente", supostamente admitindo imperfeições e erros.
Francisco Cândido Xavier foi o maior arrivista do Brasil. Continua sendo, postumamente, e, comparado a Jair Bolsonaro, o "bondoso médium" ainda se mostra insuperável na condição arrivista, pois, apesar de ter uma esperteza comparável a Aécio Neves, um reacionarismo comparável a Bolsonaro e um apetite assistencialista comparável a Luciano Huck, Chico Xavier goza de uma reputação que, de forma risível, só caiu um pouco, em relação à divinização anterior.
Afinal, agora Chico Xavier é o "médium endividado", que viveu para "enfrentar provas", que "era imperfeito e errou muito na vida" e outras desculpas mil. É uma concessão para dissimular o fanatismo e a idolatria em torno do seu nome, sobretudo para fazer prevalecer uma narrativa de "isentões" que apelam para um discurso de pretenso equilíbrio e imparcialidade.
A narrativa é constrangedora e soa como se Chico Xavier, como mito, tivesse sido retirado do banquete dos puros, quando estava se preparando para o jantar com Deus, Jesus Cristo e outros anjos e profetas do Céu, para retornar à erraticidade ou se preparar para uma reencarnação como "mais um endividado", provavelmente como um voluntário assistencialista em alguma área miserável da África.
Milhares de pessoas se esquecem, cegas de paixões religiosas e de fascinação obsessiva pelo "médium", que Chico Xavier deturpou gravemente o Espiritismo, substituindo o cientificismo kardeciano por ideias medievais próximas da Teologia do Sofrimento. Até hoje não há uma declaração formal dos "espíritas" quando ao acolhimento da Teologia do Sofrimento, mas as ideias apresentadas são rigorosamente as mesmas, apesar dos desmentimentos aqui e ali.
A ascensão de Chico Xavier se deu por fraudes literárias, das quais até mesmo a tese de que o "médium" fazia tudo sozinho e sem ajuda senão a de "espíritos desencarnados", porque mesmo gente amiga (Suely Caldas Schubert) e simpática (Ana Lorym Soares) ao "médium", ainda que sem querer, revelaram que as obras "psicográficas" eram forjadas por dirigentes da "Federação Espírita Brasileira".
Para complicar as coisas, assim como a tese derruba aquela "carteirada" armada pela FEB - "se Chico Xavier fraudava, era um fraudador genial, mas, se ele psicografava mesmo, é porque se afinava com as grandes almas literatas da nossa língua" - , também derruba a ideia de que o "médium" havia sido explorado e ludibriado pela FEB. É confirmado que Chico Xavier não só consentia com as fraudes, dando apoio convicto, como se ofereceu a participar de muitas delas. E participou, sempre que pôde.
Criaram-se narrativas sucessivas para blindar Chico Xavier e ele se transformou no "monstro" descrito, em vida, por Humberto de Campos, justamente no conto de 1932, lançado junto com a primeira edição de Parnaso de Além-Túmulo. O "monstro" do conto, filho da Morte e da Dor, deixou de ser concebido pelo desentendimento das duas "personagens", mas, na vida real, ele veio na forma de um arrivista, que alcançou uma ascensão meteórica e sem freios.
Chico Xavier foi um pioneiro na literatura fake, porque seus "autores espirituais" mal conseguiam ser heterônimos ruins do "médium", só para comparar com um escritor no auge da carreira em 1932, o português Fernando Pessoa, mil vezes mais "mediúnico" com seus heterônimos imaginários, aos quais o poeta lusitano dava personalidades surpreendentemente distintas, coisa que Chico Xavier em nenhum momento conseguiu fazer.
Só no caso de Humberto de Campos, nota-se um grande contraste entre a obra original do escritor maranhense e a obra "mediúnica". A obra original tinha uma prosa ágil, fluente e descontraída que a obra "mediúnica" não tem, por esta ter sido estranhamente pesada, cansativa e melancólica. Não é preciso adotar critérios pseudo-matemáticos de Alexandre Caroli Rocha para ver invalidade na obra que se atribui a Humberto de Campos e Irmão X.
De maneira assustadora, um único homem usou de sua esperteza - apesar da aparência caipira e supostamente frágil - para driblar as circunstâncias e tornar-se uma pretensa unanimidade. E isso se deu por várias etapas em que o "jeitinho brasileiro" favoreceu sempre o suposto médium:
1) Chico Xavier não teria gostado da desaprovação dada por Humberto de Campos ao livro Parnaso de Além-Túmulo e resolveu se vingar, se apropriando do nome dele após sua morte. As circunstâncias favoreceram de tal forma que hoje Chico Xavier é considerado "dono" de Humberto de Campos;
2) A seletividade da Justiça, no caso H. C., deu impunidade a Chico Xavier, apenas sob a restrição de que o crédito do nome seria mudado para outro nome. Daí veio Irmão X, pseudônimo usado para efeito externo (fora do "meio espírita"), porque o crédito de Humberto continuava sendo usado pelo "espiritismo" brasileiro, em caráter interno.
3) Em um evento que combinou Assistencialismo e demonstrações de "bombardeio de amor", Chico Xavier conseguiu dominar o filho homônimo de Humberto de Campos, em 1957, que, de cético passou a ser adepto do "médium", em uma atitude de dominação emocional feita para abafar os processos judiciais recorrentes do caso H. C., deixando a vítima tomada de fascinação obsessiva (tipo considerado perigoso pela Codificação);
4) O sobrinho Amauri Xavier foi denunciar o tio Chico Xavier, acusando-o de fraudes literárias. Em uma atitude considerada "atípica", o "meio espírita" reagiu com ódio e a ameaça de morte vinda desse meio foi noticiada pela revista Manchete, em 1958. A morte de Amauri despertou suspeitas, mas foi tratada como se fosse uma "morte prematura por doença causada pelo álcool";
5) As denúncias de fraudes que atingiram Otília Diogo foram confirmadas quando o material que teria sido usado pela falsa "médium" foi localizado por repórteres de O Cruzeiro. Na época, Chico Xavier foi "inocentado" e tido como "enganado" por Otília. Mas fotos de Nedyr Mendes da Rocha, no livro O Fotógrafo dos Espíritos, de 1979, mostrou, em "fogo amigo", que Chico agiu como se fosse cúmplice da farsante. Mas aí era tarde demais;
Devemos também lembrar que Chico Xavier escreveu e assinou atestados na tentativa de legitimar fraudes de materialização, com documentos mostrando a caligrafia do "médium". Além disso, também com a própria caligrafia, Chico Xavier blindou o latifundiário e dublê de curandeiro João Teixeira de Faria, o suposto médium João de Deus, quando este começava a ser investigado por charlatanismo, uso ilegal da Medicina e primeiras denúncias de assédio sexual.
Era como se Chico Xavier tentasse abafar e passar pano nos crimes, criando uma fachada "assistencial" para João de Deus enganar o mundo inteiro, como suposto médium e pretenso filantropo, do qual, a partir de 2018, estouraram denúncias graves dos crimes hoje conhecidos.
Junte-se a isso um exército de propagandistas, pessoas surgidas do nada que falavam de "experiências íntimas" com Chico Xavier, relatando "lindas histórias" que, em boa parte, não passam de umas "belas" mentiras. E aí todo tipo de relativismo, até mesmo para livrar o "médium" da evidente colaboração que ele fez à ditadura militar (a Escola Superior de Guerra, no radicalismo repressivo da ditadura, nunca condecoraria alguém se não fosse colaborador do regime), foi feito.
Tudo isso é feito, combinando pensamento desejoso e "bombardeio de amor", dentro do que o blog Charlatães do Espiritismo define como "paiol de bombas semióticas" representado por Chico Xavier. E seus métodos de dominação e manipulação das emoções humanas tiveram um alcance tão grande que ultrapassou a "bolha espírita" ao seduzir até mesmo pessoas laicas, esquerdistas e ateus.
E isso é muito perigoso, porque isso esconde os aspectos macabros da trajetória de Chico Xavier. Para piorar, ele é blindado por uma suposta caridade e uma suposta bondade que, na verdade, eram semelhantes às que Luciano Huck faz hoje em dia, de resultados bastante fajutos. A "caridade" virou um escudo e é estranho o alarde que se faz da "caridade" de Chico Xavier, quando os resultados concretos nunca apareceram, apenas aqueles de caráter meramente paliativo e pontual, que nem de longe superavam de verdade as desigualdades sociais.
Um único homem se valeu da sorte, da esperteza dele e de seus parceiros e da complacência daqueles que poderiam barrar seu caminho para buscar ser uma pretensa unanimidade, promovendo fanatismo de seus seguidores e criando uma propaganda engenhosa, que se valeu até mesmo da aparência física frágil, que escondia uma personalidade ambiciosa que usou da máscara da humildade para enganar a todos, elevando o "jeitinho brasileiro" para os níveis do fanatismo religioso nunca assumido.
Como uma simples campanha pode, com o tempo, transformar pessoas desprezíveis em pretensas unanimidades, mesmo à luz de aparentes polêmicas e escândalos abafados com notável habilidade retórica e persuasiva. Como as conveniências podem criar supostos heróis, mesmo quando estes se situam numa abordagem falsamente realista, tipo "gente como a gente", supostamente admitindo imperfeições e erros.
Francisco Cândido Xavier foi o maior arrivista do Brasil. Continua sendo, postumamente, e, comparado a Jair Bolsonaro, o "bondoso médium" ainda se mostra insuperável na condição arrivista, pois, apesar de ter uma esperteza comparável a Aécio Neves, um reacionarismo comparável a Bolsonaro e um apetite assistencialista comparável a Luciano Huck, Chico Xavier goza de uma reputação que, de forma risível, só caiu um pouco, em relação à divinização anterior.
Afinal, agora Chico Xavier é o "médium endividado", que viveu para "enfrentar provas", que "era imperfeito e errou muito na vida" e outras desculpas mil. É uma concessão para dissimular o fanatismo e a idolatria em torno do seu nome, sobretudo para fazer prevalecer uma narrativa de "isentões" que apelam para um discurso de pretenso equilíbrio e imparcialidade.
A narrativa é constrangedora e soa como se Chico Xavier, como mito, tivesse sido retirado do banquete dos puros, quando estava se preparando para o jantar com Deus, Jesus Cristo e outros anjos e profetas do Céu, para retornar à erraticidade ou se preparar para uma reencarnação como "mais um endividado", provavelmente como um voluntário assistencialista em alguma área miserável da África.
Milhares de pessoas se esquecem, cegas de paixões religiosas e de fascinação obsessiva pelo "médium", que Chico Xavier deturpou gravemente o Espiritismo, substituindo o cientificismo kardeciano por ideias medievais próximas da Teologia do Sofrimento. Até hoje não há uma declaração formal dos "espíritas" quando ao acolhimento da Teologia do Sofrimento, mas as ideias apresentadas são rigorosamente as mesmas, apesar dos desmentimentos aqui e ali.
A ascensão de Chico Xavier se deu por fraudes literárias, das quais até mesmo a tese de que o "médium" fazia tudo sozinho e sem ajuda senão a de "espíritos desencarnados", porque mesmo gente amiga (Suely Caldas Schubert) e simpática (Ana Lorym Soares) ao "médium", ainda que sem querer, revelaram que as obras "psicográficas" eram forjadas por dirigentes da "Federação Espírita Brasileira".
Para complicar as coisas, assim como a tese derruba aquela "carteirada" armada pela FEB - "se Chico Xavier fraudava, era um fraudador genial, mas, se ele psicografava mesmo, é porque se afinava com as grandes almas literatas da nossa língua" - , também derruba a ideia de que o "médium" havia sido explorado e ludibriado pela FEB. É confirmado que Chico Xavier não só consentia com as fraudes, dando apoio convicto, como se ofereceu a participar de muitas delas. E participou, sempre que pôde.
Criaram-se narrativas sucessivas para blindar Chico Xavier e ele se transformou no "monstro" descrito, em vida, por Humberto de Campos, justamente no conto de 1932, lançado junto com a primeira edição de Parnaso de Além-Túmulo. O "monstro" do conto, filho da Morte e da Dor, deixou de ser concebido pelo desentendimento das duas "personagens", mas, na vida real, ele veio na forma de um arrivista, que alcançou uma ascensão meteórica e sem freios.
Chico Xavier foi um pioneiro na literatura fake, porque seus "autores espirituais" mal conseguiam ser heterônimos ruins do "médium", só para comparar com um escritor no auge da carreira em 1932, o português Fernando Pessoa, mil vezes mais "mediúnico" com seus heterônimos imaginários, aos quais o poeta lusitano dava personalidades surpreendentemente distintas, coisa que Chico Xavier em nenhum momento conseguiu fazer.
Só no caso de Humberto de Campos, nota-se um grande contraste entre a obra original do escritor maranhense e a obra "mediúnica". A obra original tinha uma prosa ágil, fluente e descontraída que a obra "mediúnica" não tem, por esta ter sido estranhamente pesada, cansativa e melancólica. Não é preciso adotar critérios pseudo-matemáticos de Alexandre Caroli Rocha para ver invalidade na obra que se atribui a Humberto de Campos e Irmão X.
De maneira assustadora, um único homem usou de sua esperteza - apesar da aparência caipira e supostamente frágil - para driblar as circunstâncias e tornar-se uma pretensa unanimidade. E isso se deu por várias etapas em que o "jeitinho brasileiro" favoreceu sempre o suposto médium:
1) Chico Xavier não teria gostado da desaprovação dada por Humberto de Campos ao livro Parnaso de Além-Túmulo e resolveu se vingar, se apropriando do nome dele após sua morte. As circunstâncias favoreceram de tal forma que hoje Chico Xavier é considerado "dono" de Humberto de Campos;
2) A seletividade da Justiça, no caso H. C., deu impunidade a Chico Xavier, apenas sob a restrição de que o crédito do nome seria mudado para outro nome. Daí veio Irmão X, pseudônimo usado para efeito externo (fora do "meio espírita"), porque o crédito de Humberto continuava sendo usado pelo "espiritismo" brasileiro, em caráter interno.
3) Em um evento que combinou Assistencialismo e demonstrações de "bombardeio de amor", Chico Xavier conseguiu dominar o filho homônimo de Humberto de Campos, em 1957, que, de cético passou a ser adepto do "médium", em uma atitude de dominação emocional feita para abafar os processos judiciais recorrentes do caso H. C., deixando a vítima tomada de fascinação obsessiva (tipo considerado perigoso pela Codificação);
4) O sobrinho Amauri Xavier foi denunciar o tio Chico Xavier, acusando-o de fraudes literárias. Em uma atitude considerada "atípica", o "meio espírita" reagiu com ódio e a ameaça de morte vinda desse meio foi noticiada pela revista Manchete, em 1958. A morte de Amauri despertou suspeitas, mas foi tratada como se fosse uma "morte prematura por doença causada pelo álcool";
5) As denúncias de fraudes que atingiram Otília Diogo foram confirmadas quando o material que teria sido usado pela falsa "médium" foi localizado por repórteres de O Cruzeiro. Na época, Chico Xavier foi "inocentado" e tido como "enganado" por Otília. Mas fotos de Nedyr Mendes da Rocha, no livro O Fotógrafo dos Espíritos, de 1979, mostrou, em "fogo amigo", que Chico agiu como se fosse cúmplice da farsante. Mas aí era tarde demais;
Devemos também lembrar que Chico Xavier escreveu e assinou atestados na tentativa de legitimar fraudes de materialização, com documentos mostrando a caligrafia do "médium". Além disso, também com a própria caligrafia, Chico Xavier blindou o latifundiário e dublê de curandeiro João Teixeira de Faria, o suposto médium João de Deus, quando este começava a ser investigado por charlatanismo, uso ilegal da Medicina e primeiras denúncias de assédio sexual.
Era como se Chico Xavier tentasse abafar e passar pano nos crimes, criando uma fachada "assistencial" para João de Deus enganar o mundo inteiro, como suposto médium e pretenso filantropo, do qual, a partir de 2018, estouraram denúncias graves dos crimes hoje conhecidos.
Junte-se a isso um exército de propagandistas, pessoas surgidas do nada que falavam de "experiências íntimas" com Chico Xavier, relatando "lindas histórias" que, em boa parte, não passam de umas "belas" mentiras. E aí todo tipo de relativismo, até mesmo para livrar o "médium" da evidente colaboração que ele fez à ditadura militar (a Escola Superior de Guerra, no radicalismo repressivo da ditadura, nunca condecoraria alguém se não fosse colaborador do regime), foi feito.
Tudo isso é feito, combinando pensamento desejoso e "bombardeio de amor", dentro do que o blog Charlatães do Espiritismo define como "paiol de bombas semióticas" representado por Chico Xavier. E seus métodos de dominação e manipulação das emoções humanas tiveram um alcance tão grande que ultrapassou a "bolha espírita" ao seduzir até mesmo pessoas laicas, esquerdistas e ateus.
E isso é muito perigoso, porque isso esconde os aspectos macabros da trajetória de Chico Xavier. Para piorar, ele é blindado por uma suposta caridade e uma suposta bondade que, na verdade, eram semelhantes às que Luciano Huck faz hoje em dia, de resultados bastante fajutos. A "caridade" virou um escudo e é estranho o alarde que se faz da "caridade" de Chico Xavier, quando os resultados concretos nunca apareceram, apenas aqueles de caráter meramente paliativo e pontual, que nem de longe superavam de verdade as desigualdades sociais.
Um único homem se valeu da sorte, da esperteza dele e de seus parceiros e da complacência daqueles que poderiam barrar seu caminho para buscar ser uma pretensa unanimidade, promovendo fanatismo de seus seguidores e criando uma propaganda engenhosa, que se valeu até mesmo da aparência física frágil, que escondia uma personalidade ambiciosa que usou da máscara da humildade para enganar a todos, elevando o "jeitinho brasileiro" para os níveis do fanatismo religioso nunca assumido.