O terrível moralismo "espírita" que faz com que pessoas que pedem pão recebem serpentes


É o dinheiro que acaba no momento que seria mais preciso. É o emprego desejado que lhe escapa das mãos, fosse que fosse o esforço e a iniciativa. São as contas que crescem sem parar. São os ataques nas redes sociais por uma discordância de nada, gentilmente manifesta nas redes sociais. É aquela pessoa que mais poderia ajudar na vida que morre de repente. É uma porção de prejuízos que aparecem de "brinde" em um benefício aparentemente grande.

Muitos consideram injusto o "espiritismo" brasileiro ser considerado fonte de azar, mas isso se dá porque a religião comete desonestidades piores do que até mesmo a pior das seitas neopentecostais, consideradas alvo de críticas severas do chamado senso comum. Uma religião que preferiu Jean-Baptiste Roustaing a Allan Kardec e vestiu a camisa da Teologia do Sofrimento, bem escondida pelo pretenso manto da bondade e generosidade, tornou-se, por suas más escolhas, fonte de terrível e perigoso mau agouro.

Isso é extremamente cruel, se levarmos em conta que mesmo os maiores nomes do "espiritismo" brasileiro, como os supostos médiuns Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, defendem que a pessoa sofra desgraças em série, por tempo indeterminado, sem reclamar da vida, ficando conformado ou, no caso de tentar superar, que realizasse sacrifícios acima dos próprios limites.

Pior: eles dizem para que as pessoas evitassem gemer de dor, evitassem incomodar a felicidade dos bem-aventurados, e que até sorrissem felizes com a própria desgraça, sob a desculpa de que, com isso, a desgraça foge de medo. Grande ilusão. Não é evitando gemer de dor que se cura a ferida que sangra, e não são sorrisos que farão secar o sangue que não se coagula.

O mais grave, ainda, é que os "médiuns", por trás de seu verniz de humildade e pobreza, sempre viveram em significativo conforto, mesmo respaldado por um aparato de abnegação e simplicidade. Chico Xavier era sustentado de forma confortável pela "Federação Espírita Brasileira", em algo comparável com o da realeza britânica. Assim como o povo do Reino Unido financiava o luxo e a fortuna da família real, o "dinheiro da caridade" fazia Chico Xavier viver do bem bom, ele apenas não tocava em dinheiro, mas tinha suas mordomias pagas pelos dirigentes da FEB.

E José Medrado, na Bahia, exibindo um carrão esporte de luxo, caríssimo, toda vez que entrava na Cidade da Luz, em Salvador, na Pituaçu onde, fora da "iluminada casa espírita", há um ambiente trevoso de violência extrema, com um raio de mau agouro que atinge de Piatã à Boca do Rio? 

Dizem que assaltantes com fome de matar fazem ponto no ponto de ônibus próximo do local onde José Medrado, toda terça-feira, alterna pregações igrejistas com piadas ofensivas contra louras falsas, gordas e sogras. O ladrão só foge depois que, no fim da doutrinária, multidões voltam a ocupar os pontos, na espera dos ônibus de volta para casa.

E os palestrantes "espíritas" em geral, sejam "médiuns" ou não? Eles vendem muitos livros, enquanto pessoas comuns precisando de dinheiro não conseguem vender um exemplar sequer do livro que produzem, não obstante com conteúdo mais inteligente e honesto do que muitos best sellers que vendem como água no deserto em sucessivos meses nas listas dos livros mais vendidos do Brasil.

Esses palestrantes aparecem abraçados a socialites, juristas, colunistas sociais, empresários e figuram nas colunas sociais mostrando toda sua arrogância, usando a cínica desculpa de que "são os mais ricos os que mais necessitam, como pobres da alma, de ouvir a boa palavra do Cristo". Quanta extravagância, vinda daqueles que dizem renunciar o luxo da Terra, apesar de posarem para fotos ao lado dos privilegiados, e com a cínica ambição de achar que, na volta à "pátria espiritual", conseguirão luxos ainda mais permanentes do que os luxos terrenos.

Eles vivem do conforto que aqueles que recorrem a eles não conseguem, vendo escapar oportunidades importantes, sob o pretexto que "oportunidades melhores" virão em seguida. Considerar "oportunidade melhor" é perder aquele emprego que permitiria a pessoa ter maior proveito de suas capacidades mentais para depois obter um trabalho qualquer nota e de complicada execução, é uma demonstração de um cinismo punitivista que só um país dominado por um moralismo perverso e retrógrado que é o Brasil consegue produzir sentido.

O "médium" vende muitos livros, excursiona onde quiser, se hospedando nos melhores hotéis, consegue atrair audiência, lacrar nas redes sociais, monetizar com "psicografias" farsantes que carregam os nomes de mortos famosos da moda, que mal conseguem imitar, de forma tosca e grotesca, os estilos pessoais de cada celebridade. E isso com a impune apreciação de nomes prestigiados que vão de Hebe Camargo a Paulo Gustavo, passando por Domingos Montagner e Mamonas Assassinas, tudo feito para enganar os incautos que se sujeitam à escravidão masoquista da "fé espírita".

Mas o cidadão comum é desamparado por desgraças sem fim, sendo obrigado a abrir mão de tudo, até de suas vocações, para vencer na vida. Querendo se evoluir espiritualmente, ele faz concessões que praticamente anulam esta missão, porque precisa se condicionar à mediocridade coletiva ou, não raro, à estupidez dominante, para ter o mínimo de prosperidade na vida.

Ou seja, ele têm que obter empregos que vão contra suas vocações naturais, sob a desculpa de desenvolver novas habilidades. Passa anos trabalhando sob o "estágio probatório" das provações cruéis, tendo como "salário" a intriga, os abusos de um patrão violento e de colegas traiçoeiros, sofrendo desgraças extremas até que, de forma tardia e até mesmo precária, lhe venha a "bonança",