"Caridade" de Chico Xavier não tem provas nem fundamentos

 

A tão alardeada "caridade" de Francisco Cândido Xavier é um dogma tão persistente quanto foi, no passado, a ideia de que a Terra era plana. Só que essa "missão em prol do próximo" do "médium" nunca e em nenhum modo aconteceu e se trata de uma cascata que só serve para forçar a promoção pessoal dele e a adoração cega à sua pessoa, com base na ideia incoerente de medir a "ajuda ao próximo" pelo suposto benfeitor e não pelos resultados.

Se houve alguma "ajuda ao próximo" realizada por Chico Xavier, ela realizou resultados tão medíocres que a cidade de Uberaba, que tem no "médium" sua personalidade mais festejada e até alvo de peregrinações de turismo religioso, nunca saiu de níveis medíocres de desenvolvimento humano.

Sabemos, no entanto, que essa "caridade" é conversa para boi dormir, e que, ironicamente, corresponde ao que o jornalista José Herculano Pires, amigo do "médium", falou sobre o "médium" baiano Divaldo Franco, mas que pode ser aplicado ao próprio "médium" mineiro de quem o sobrinho do contador caipira Cornélio Pires era amigo (lembremos do ditado "Amigos, amigos, negócios à parte").

Vejamos o que disse José Herculano Pires:

"Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (caso Nancy); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".

Sobre a "conduta condenável no terreno da caridade", nota-se que mesmo em Chico Xavier ela tornou-se, até mais do que Divaldo Franco, um disfarce para a sustentação de posições anteriores, que, no caso do "médium" mineiro, equivalem a escândalos vergonhosos de fraudes que terminaram em impunidade, além do evidente charlatanismo e reacionarismo do "médium" e suspeitas de "queima de arquivo" contra Amauri Xavier, morto de maneira suspeita.

A "caridade" de Chico Xavier, temos que insistir - já que os chiquistas, independente de serem "leigos" ou "sectários", "espíritas" ou "não-espíritas", sentem uma perigosa obsessão, emocionalmente tóxica, em favor do "médium" - , NUNCA foi feita por ele e já enumeramos três aspectos que valem ser mencionados mais uma vez:

1) OUTRAS PESSOAS, NÃO O "MÉDIUM", CONTRIBUÍAM PARA DONATIVOS OU AÇÕES VOLUNTÁRIAS

Nada veio da iniciativa nem da decisão de Chico Xavier. Nem mesmo os recursos. Tudo vinha de terceiros, que faziam doações, não raro tratando o povo pobre como "lixo", doando roupas rasgadas ou mofadas, cobertores manchados, marcas ruins de alimentos como arroz, fejião e macarrão e remédios com prazo de validade vencido, tudo escondido entre materiais similares que eram aprnas corretamente doados, mas mesmo assim sem representar mérito algum.

Chico Xavier era apenas a "cigarra" que se promovia com o "trabalho das formigas", os seus seguidores, nessa "caridade" meramente paliativa que nunca resolveu a pobreza de verdade;

2) CHICO XAVIER ENRIQUECEU DIRIGENTES "ESPÍRITAS" AO DOAR DIREITOS AUTORAIS E FATURAMENTO DE SEUS LIVROS

É uma grande tolice acreditar - e, infelizmente, quase a totalidade dos brasileiros acredita - que Chico Xavier doou a grana arrecadada por seus mais de 400 livros para os "pobrezinhos, órfãos e enfermos". Essa mentira se confirma quando os resultados da miséria no Brasil nunca foram devidamente superados, apesar da grandeza (não seria grandiloquência?) com que se alega essa "admirável generosidade".

O dinheiro foi todo para os cofres dos dirigentes da "Federação Espírita Brasileira", e, em parte, para a "União Espírita Mineira", aumentando o poder dessas duas entidades de forma que a blindagem em torno de ambas é absoluta, não havendo acadêmicos, juristas e jornalistas investigativos que se encorajem a investigar os bastidores dessas abusivas instituições.

3) "CARTAS MEDIÚNICAS" FORAM MERA CORTINA DE FUMAÇA PARA ABAFAR A REVOLTA CONTRA A DITADURA MILITAR

A suposta consolação das "cartas mediúnicas" atribuídas a pessoas comuns falecidas, além de representar grandes fraudes - bastava confrontar as assinaturas pessoais dos falecidos enquanto vivos com as "assinaturas psicográficas" para ver diferenças grosseiras entre umas e outras - , também eram uma cortina de fumaça para evitar a indignação contra a ditadura militar, então em aguda crise, na virada dos anos 1970 para os 1980.

Dessa forma, Chico Xavier não praticou sua "maior caridade", mas antes um ato extremamente deplorável, prolongando os lutos familiares, estimulando a toxicidade emocional - as "sessões mediúnicas" soavam como verdadeiras orgias religiosas - e os sentimentos obsessivos pelos mortos. As "cartas mediúnicas" são um retorno ao divertimento sensacionalista das "tábuas Ouija", na medida em que sempre atraíram espíritos inferiores e zombeteiros através da má sintonia de Chico Xavier.

As "cartas mediúnicas", além disso, se comparam a um trote telefônico, no qual o autor de um golpe se passa por um parente da família para arrancar dinheiro de quem atende o telefone, através da exploração dramática da farsa. Acusado de "leitura fria" e de copiar dados da imprensa, Chico Xavier enganou milhares de famílias com essas "cartas", provocando sensacionalismo e consistindo na péssima prática de tentar dizer demais para alguém que sofre pela perda de um ente querido. Vale lembrar que não se deve consolar uma pessoa assim falando demais. Não é sendo Chico Xavier que haverá exceção a essa regra.

Alguém, aliás, não foi considerado uma pessoa incômoda ou chata porque tentava consolar alguém que perdeu algum ente querido? Por que a "carteirada" religiosa de Chico Xavier o exime dessa condição lamentável daquela pessoa que, sob o pretexto de consolar, acaba atrapalhando o luto do sofredor? E logo Chico Xavier, que tanto apelava para o "sofrimento em silêncio", cai em séria contradição quando tenta "dizer demais" para os familiares das pessoas mortas, que não precisam dessas mensagens inúteis!

A "caridade" de Chico Xavier só é considerada "verdade indiscutível" num contexto em que o Brasil sofre o ápice do emburrecimento humano, ainda mais quando a religião respalda a Síndrome de Dunning-Kruger, que coloca a ignorância acima da sabedoria, através de uma "superioridade" atribuída à burrice humana.

Essa "caridade" nunca teve provas, não tem o menor embasamento, e é descrita de forma vaga e imprecisa, sem fundamentação de qualquer espécie e repetida como papagaios emitindo sons. A suposta caridade de Chico Xavier nunca serviu para melhorar, de verdade, a vida dos necessitados, sendo mais um apelo para forçar a adoração cega e obsessiva ao "médium" que deturpou a Doutrina Espírita.