Chico Xavier publicou mais de 400 livros? Isso vai CONTRA a Codificação

 

Não constitui uma honra que Francisco Cândido Xavier tenha publicado mais de 400 livros. A "façanha", que enche seus seguidores de um discutível orgulho, na verdade corresponde a uma atitude condenável e que a Codificação, de maneira antecipada em mais de um século, alertava para a ação mistificadora de "espíritos escrevinhadores" (devemos entender isso tanto em relação aos encarnados quanto aos desencarnados).

Com muita antecipação, a obra fundamental da literatura kardeciana, O Livro dos Médiuns, alerta sobre o aspecto negativo daquilo que muitos acham maravilhoso em Chico Xavier. A publicação, em velocidade industrial, de mais de 400 livros - em vários anos, chegava-se à quantidade desnecessária de 15 livros produzidos! - , é, na verdade, um acinte à inteligência e à decência humanas, até porque são livros que falam sempre dos mesmos apelos religiosos.

Os chiquistas entram em profunda contradição com a adoração a esse suposto feito de Chico Xavier. Afinal, como os chiquistas se denominam cristãos e também identificados com os mandamentos de Moisés trazidos pelo Velho Testamento, acham "suficiente" acolher os dois mandamentos atribuídos a Deus: 1) Amar a Deus sobre todas as coisas e 2) Amar o próximo como a si mesmo.

Na mística religiosa, somente esses dois mandamentos seriam suficientes, para os seguidores da fé cristã, regular sua vida cotidiana. Mas, contradizendo a si mesmas, as pessoas prestam adoração aos mais de 400 livros de Chico Xavier, que não são lidos de maneira crítica, e talvez nem sejam lidos, pelo baixo hábito de leitura dos brasileiros. 

A preguiça faz com que, mesmo adorando os 400 livros comprados para enfeitar estantes, as pessoas se contentem com os memes de frases e depoimentos do "médium", suficientes para a adoração tóxica que acontece nas redes sociais, o que inclui sentimentos ressentidos de frustração existencial, o que faz com que os chamados "espíritas" ou mesmo os simpatizantes "isentos" e "leigos" de Chico Xavier, a buscar falsos conceitos de beleza e simplicidade na catártica mistificação que faz os olhos humanos a investirem na masturbação religiosa da comoção, do choro a das lágrimas como mera diversão.

Os mais de 400 livros de Chico Xavier são extremamente ruins. Neles há desde apelos conceituais medievais - fundamentados na Teologia do Sofrimento - , erros históricos grotescos, acusações diversas de plágios e pastiches de obras literárias que não condizem aos estilos dos escritores supostamente creditados.

Esses livros são condenados pela Codificação, que em O Livro dos Médiuns, Capítulo 23 - Da Obsessão, item 247, com todas as suas palavras referentes à ação condenável de "espíritos escrevinhadores":

247. Os Espíritos sistemáticos são quase sempre escrevinhadores. É por isso que procuram os médiuns que escrevem com facilidade, tratando de fazê-los seus instrumentos dóceis e sobretudo entusiastas, por meio da fascinação. Esses Espíritos são geralmente verbosos, muito prolixos, procurando compensar pela quantidade a falta de qualidade. Gostam de ditar aos seus intérpretes volumosos escritos, indigestos e muitas vezes pouco inteligíveis, que trazem felizmente como contraveneno a impossibilidade material de ser lidos pelas massas. Os Espíritos realmente superiores são sóbrios nas palavras, dizem muita coisa em poucas linhas, de maneira que essa fecundidade prodigiosa deve ser sempre considerada suspeita.

É certo que este parágrafo, a princípio, descreve os "médiuns que escrevem com facilidade" como "vítimas de fascinação". Mas devemos lembrar, também, que Chico Xavier sempre atuou como se fosse também um espírito mistificador, só que, em seu tempo, encarnado, e o "médium" mineiro é que se lançava sobre os brasileiros mais dóceis e complacentes - inclusive pessoas supostamente céticas ou mesmo ateístas - para promover a mais perigosa fascinação obsessiva da História da Humanidade.

Sim, porque Chico Xavier exerce, sobre seus seguidores e simpatizantes dos mais diversos níveis, uma perigosa fascinação obsessiva, um tipo de obsessão já alertado também em O Livro dos Médiuns. E isso faz com que surjam aproveitadores aqui e ali, como o deputado federal Franco Cartafila - ligado ao coronelismo de Uberaba e membro da direita política de Minas Gerais - , que teve a infeliz iniciativa de propor que o "médium" seja considerado "herói da Pátria".

Os mais de 400 livros são extremamente inúteis, seus supostos ensinamentos são desnecessários e há neles toda uma verborragia e uma prolixidade vergonhosos, que fingem expressar erudição literária quando na verdade se resultam em documentos impressos muito grotescos.

Evidentemente, os mais de 400 livros não foram escritos por espíritos superiores nem benfeitores, e nem mesmo Chico Xavier chega a ser merecedor de alguma credibilidade, por menor que seja. Escritor razoável, quis botar seus escritos na conta de autores mortos, mesmo quando a imitação de seus estilos - combinada sob a consultoria literária dos líderes da "Federação Espírita Brasileira" - mostra seu caráter grosseiro.

São, essas quatro centenas e mais de livros chiquistas, verdadeiros atestados de leviandade espiritual, de profunda inferioridade moral, e se as pessoas ficam adorando Chico Xavier por qualquer coisa relativa a ele, é porque essas pessoas estão terrivelmente obsediadas, a ponto de terem medo de encarar qualquer questionamento sério em torno de sua pessoa.