Frase de Chico Xavier usada por apresentadora de TV é atestado de hipocrisia


Sabe quando alguém tenta argumentar demais criticando as críticas dos outros contra esse alguém? Isso é um sinal de autocrítica, consciência pesada, medo de saber a verdade, indisposição de aceitar conselhos e, principalmente, pouco caso em se prevenir contra atitudes erradas de consequências prejudiciais a quem decide por elas.

Pois isso foi tanto da parte de Mariana Rios, atrizm cantora e apresentadora do programa de reality show da Record TV, A Grande Conquista, como do religioso que ela evocou, Chico Xavier, cuja personalidade retrógrada e ideias próprias da Idade Média contrastam com o figurino da apresentadora, de estética sensual e futurista, que não condizem com o ultraconservadorismo moralista do "médium". Mariana recorreu ao "médium" motivada pelo fato dela ser natural do Triângulo Mineiro, cidade de atuação maior do religioso. A atriz é natural de outro município da região mineira, Araxá.

Pois ela tentou rebater as acusações de que teria usado o recurso do Photoshop - aplicativo famoso por editar e alterar imagens digitais - para uma imagem de divulgação do seu programa. Sem dar uma explicação convincente, ela esteve tão preocupada com seu vitimismo que, depois de pedir para não ser criticada e desqualificar quem critica outras pessoas, a estrela despejou um antigo depoimento de Chico Xavier dado em uma entrevista, cuja fonte não foi creditada:

"É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição".

O próprio Chico Xavier teria dado esse depoimento como uma demonstração de puro vitimismo. Mas isso não é muito diferente do que diria, hoje, um influenciador digital do nível do controverso e medíocre Bruno Monteiro Aiub, conhecido pelo codinome de Monark e famoso pela postura de pretenso "isentão", algo semelhante ao que vemos nos chamados "isentões espíritas", que falaciosamente tentam desmontar as acusações de que o "espiritismo" brasileiro traiu o legado original de Allan Kardec.

Só que a declaração de Chico Xavier foi um tiro feio e violento no pé, expressando a hipocrisia própria do "médium" mineiro. Afinal, o "médium" não tinha autocrítica, fazia juízos de valor bastante severos, era austero demais ao exigir dos oprimidos conformação com as desgraças acumuladas em série e em doses surreais, além de ter trabalhado com literatura fake e se associado a uma suposta caridade fajuta e sem resultados profundos nem permanentes para a população pobre.

Acolher uma mensagem dessas, como a que mostramos de Chico Xavier, é uma grande leviandade e mostra, na realidade, que quem fugia da verdade era o próprio "médium" que, acovardado pelo escândalo das denúncias de seu sobrinho Amauri Xavier - cuja morte suspeitíssima, provavelmente tramada por Antônio Wantuil de Freitas, dirigente espírita e dublê de empresário do "médium", e executada por um membro de um "centro espírita" de Sabará ou Belo Horizonte - , "fugiu com a roupa no corpo" para viver, até o fim da vida, em Uberaba, no Triângulo Mineiro.

Ou seja, a triste lição do lamentável depoimento de Chico Xavier, que encontrou consonância com o vitimismo recente de Mariana Rios, é que quem não tem muito a temer não fica por aí desaprovando acusações alheias através do coitadismo. 

Isso mostra o quanto Chico Xavier cometeu erros aberrantes, como um tenebroso inimigo interno do Espiritismo brasileiro, e só uma nação de complacentes como o Brasil que se dispõe a passar pano até em atitudes do "médium" como a defesa radical, extremada e nunca arrependida da ditadura militar, da qual ele colaborou estrategicamente ao usar a farsa das "cartas mediúnicas" como cortina de fumaça para abafar a crise do governo ditatorial, ao transformar a morte e a vida espiritual em espetáculo sensacionalista.